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Alívio na pesquisa
O CONSENSO entre os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e do
Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre uma proposta de mudança
na concessão de autorizações de
coleta de fauna e flora, para fins
científicos, abre a possibilidade
de corrigir um defeito normativo
que tem dificultado a pesquisa
no Brasil.
A ideia é que as licenças para
coletas biológicas deixem de ser
dadas pelo Ibama e passem à responsabilidade do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), diminuindo entraves ao exercício
da pesquisa científica no país. O
acordo entre ministérios ainda
depende, porém, de figurar em
um projeto de lei para ser avaliado pelo Congresso Nacional.
A coleta de recursos genéticos
de espécies em território brasileiro é regulada por uma medida
provisória de 2001 que, baseada
na ressonância de ameaças de
biopirataria, acabou por impor
regras draconianas que servem
como desestímulo à atividade
científica -em contradição com
a disposição constitucional de
incentivo à pesquisa.
Não se defende, por certo, a
frouxidão do controle sobre a coleta genética no país. Mas a rigidez que se impôs à atividade, por
si só exagerada, parece especialmente grotesca se cotejada com
o tratamento recebido pela devastação mais desabrida.
Enquanto pesquisadores de
renome têm licenças negadas ou
cassadas e recebem multas, frigoríficos que comercializaram
bois criados em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia assinam acordos com o Ministério
Público Federal que os livram de
ações no valor de R$ 2,1 bilhões.
Há dois anos, o Ibama implantou um sistema pelo qual prometia agilizar a concessão de licenças para coleta científica, que
chegavam a demorar dois anos.
As reclamações dos pesquisadores, no entanto, continuam. Perdida em veleidades burocráticas
e confundida com crime ambiental, a pesquisa acabou por se
tornar, colateralmente, a grande
vítima da biopirataria.
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