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FERNANDO RODRIGUES
Garotinho no PMDB
BRASÍLIA - A virtual entrada do ex-governador do Rio Anthony Garotinho no PMDB é equivalente na política nacional à movimentação de
uma placa tectônica no planeta Terra: causa um terremoto. Há gente a
favor, interesses contrariados e arestas em formação.
A consequência mais notável é o
crescimento do PMDB. Pelo menos
do ponto de vista da soma algébrica
das suas bancadas no Congresso.
O PMDB tem 66 deputados. Garotinho leva mais 11. O total pula para
77. Serão só 16 atrás do PT, que tem a
maior bancada, com 93 cadeiras.
Além disso, o PMDB tem os governadores dos três Estados da região
Sul. Ficará também com um pé no
Sudeste, com Rosinha Garotinho.
Não é pouca coisa, ainda que cada
um desses governadores pense de
maneira distinta.
Esse fortalecimento do PMDB ajudará o partido a conseguir logo seu
lugar de destaque na Esplanada dos
Ministérios? Difícil dizer.
Por um lado, conviria a Lula conceder mais poder ao segundo maior
partido na Câmara. Por outro, é necessário esperar para comprovar na
prática o ato de contrição prometido
por Garotinho nos bastidores.
Lula e José Dirceu não consideram
Garotinho um político confiável. Diz
uma coisa na conversa privada e sai
falando outra aos repórteres.
Nesse caso, o PT deverá refletir
muito antes de conceder dois ministérios para o PMDB. Um partido com
77 deputados e cargos de peso na Esplanada pode passar a rede no Congresso. Rapidamente faz uma bancada com mais de cem cadeiras. Lula
estaria dando de comer a um monstro que o devoraria mais adiante.
Também não é tão simples a ponto
de o PT simplesmente deixar o
PMDB esperando indefinidamente
por cargos no primeiro escalão. É por
essas -e por outras- que agora ficará cada vez mais difícil aprovar reformas polêmicas no Congresso.
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