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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Garotinho no PMDB

BRASÍLIA - A virtual entrada do ex-governador do Rio Anthony Garotinho no PMDB é equivalente na política nacional à movimentação de uma placa tectônica no planeta Terra: causa um terremoto. Há gente a favor, interesses contrariados e arestas em formação.
A consequência mais notável é o crescimento do PMDB. Pelo menos do ponto de vista da soma algébrica das suas bancadas no Congresso.
O PMDB tem 66 deputados. Garotinho leva mais 11. O total pula para 77. Serão só 16 atrás do PT, que tem a maior bancada, com 93 cadeiras.
Além disso, o PMDB tem os governadores dos três Estados da região Sul. Ficará também com um pé no Sudeste, com Rosinha Garotinho. Não é pouca coisa, ainda que cada um desses governadores pense de maneira distinta.
Esse fortalecimento do PMDB ajudará o partido a conseguir logo seu lugar de destaque na Esplanada dos Ministérios? Difícil dizer.
Por um lado, conviria a Lula conceder mais poder ao segundo maior partido na Câmara. Por outro, é necessário esperar para comprovar na prática o ato de contrição prometido por Garotinho nos bastidores.
Lula e José Dirceu não consideram Garotinho um político confiável. Diz uma coisa na conversa privada e sai falando outra aos repórteres.
Nesse caso, o PT deverá refletir muito antes de conceder dois ministérios para o PMDB. Um partido com 77 deputados e cargos de peso na Esplanada pode passar a rede no Congresso. Rapidamente faz uma bancada com mais de cem cadeiras. Lula estaria dando de comer a um monstro que o devoraria mais adiante.
Também não é tão simples a ponto de o PT simplesmente deixar o PMDB esperando indefinidamente por cargos no primeiro escalão. É por essas -e por outras- que agora ficará cada vez mais difícil aprovar reformas polêmicas no Congresso.


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