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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Minas, claro enigma
SÃO PAULO - Vários analistas têm
destacado que as eleições deste ano
tendem a ser marcadas pela continuidade, a começar pelo favoritismo de Dilma Rousseff. A mais recente rodada de pesquisas do Datafolha reforça essa percepção.
Em São Paulo, Geraldo Alckmin
ampliou ainda mais sua distância
oceânica sobre Aloizio Mercadante
(54% a 16%). Só um cataclisma pode ameaçar a reeleição em primeiro
turno de Sérgio Cabral (PMDB), no
Rio, e de Eduardo Campos (PSB),
em Pernambuco. Cid Gomes (PSB),
no Ceará, e Jaques Wagner (PT), na
Bahia, também lideram e podem a
liquidar a fatura em 3 de outubro.
Dos atuais governadores, a tucana Yeda Crusius, no Rio Grande do
Sul, é a exceção à regra e caminha
convicta para o cadafalso.
A grande incógnita desta eleição
está em Minas Gerais. Apoiado pelo
PT, o ex-ministro Hélio Costa
(PMDB) sustenta 43% das intenções de voto. O atual governador,
Antonio Anastasia (PSDB), tem só
17%. Mas ninguém, ainda, ousa dizer que as coisas estão decididas na
terra de Drummond. O pupilo de
Aécio Neves vai subir nas pesquisas
-isso é barbada. A questão é saber
se subirá o suficiente (ou a tempo)
para bater o candidato de Lula numa disputa plebiscitária, em que
não há terceiro nome.
Para complicar as coisas, Dilma
ultrapassou Serra no Estado (41% a
34%). E já há petistas graúdos cochichando que Aécio só poderá ter
êxito se estimular o voto "Dilmasia". Se a aliança com Costa, impingida ao PT mineiro por Lula, havia
empurrado Aécio para perto de Serra, agora, com o favoritismo de Dilma e o aperto de Anastasia, as coisas novamente se complicam.
Uma parte do PT estaria disposta
a ajudar "na moita" o candidato tucano, desde que Aécio, também
"na moita", desse a mão ao petista
Fernando Pimentel, rifando o aliado Itamar Franco para o Senado.
Numa eleição tão previsível país
afora, Minas vai se firmando como
território das interrogações, do
enigma, das negaças.
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