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RICARDO YOUNG
Resíduos sólidos:bom negócio
Depois de 20 anos tramitando pelo Congresso, a Política
Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) foi finalmente aprovada em março último.
Trata-se de uma legislação
abrangente e contemporânea,
que abarca aspectos fundamentais do tema, inclusive
conceitos de gestão sustentável, como ciclo de vida do produto e logística reversa, e está
alinhada com o Processo de
Marrakech, que vai ordenar
a produção e o consumo consciente mundiais a partir de
2012.
Essa lei também estabelece
a responsabilidade compartilhada na destinação dos resíduos, ou seja, cada integrante
da cadeia produtiva, bem como os órgãos e empresas
responsáveis pela limpeza pública, têm uma parte a cumprir no manejo adequado dos
resíduos.
O objetivo é fazê-los retornar ao processo produtivo, reciclados, ou dar-lhes destino
diferente do aterro sanitário.
Para cumprir esta regra, a lei
preconiza que a coleta seletiva
deve ser feita prioritariamente
por cooperativas de catadores.
Reciclagem mais cooperativas de catadores fazem uma
equação que pode abrir oportunidades infinitas de negócios sustentáveis e inovações
para o país. Pois não estamos
falando somente de reinserir
os resíduos em uma nova
cadeia de valor, mas na própria reengenharia do processo
produtivo.
Agora, desde a sua concepção, os produtos teriam que
ser repensados de forma a produzir custos mínimos em sua
reciclagem ou preços atraentes na revenda de resíduos
("logística reversa"), abrindo
uma era de inovações sem precedentes, com aumento de
renda e trabalho para os catadores e lucros para os empreendedores.
Mercado não falta. O Brasil
recicla apenas 12% de seu lixo
e muitas indústrias têm importado "lixo limpo" (pasmem!).
Entre 2008 e 2009, o país gastou 485 milhões de reais para
comprar no exterior 223 mil toneladas de papelão, plástico,
alumínio e outros insumos reciclados.
O Brasil pode ganhar muito
se der prioridade à reciclagem.
O Ipea calculou quanto: R$ 8
bilhões por ano. O cálculo inclui os benefícios sociais e ambientais da atividade, os custos evitados e aqueles intrínsecos da coleta seletiva.
A pesquisa também lista como ganho o acesso à cidadania que a coleta seletiva tem
permitido a grupos sociais historicamente excluídos.
A PNRS incentiva a mobilização de toda a sociedade para resolver um de seus grandes
problemas, o lixo. Vamos precisar inverter processos e mudar comportamentos. Mas não
é disso que trata a sustentabilidade? Eis a chance para
construirmos uma cidade, um
país e uma vida melhor.
RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras
nesta coluna.
ricardoyoung@uol.com.br
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