São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

A dúvida e a dívida

RIO DE JANEIRO - Em crônica da semana passada, fiz um comentário a respeito dos dois principais candidatos à Presidência, considerando-os iguais na essência, ficando as diferenças por conta de prioridades e metas. Serra promete salário mínimo de R$ 600, Dilma promete um pouco menos. No fundo seriam essas as diferenças, dando-se como tranquila a trajetória pública de ambos.
Os recentes escândalos no arraial petista colocam em cheque a tranquilidade política de Dilma. Pela primeira vez ela é candidata a um cargo eletivo, por isso mesmo não sofreu um bombardeio pesado do adversário, pelo menos até agora.
Nos últimos dias, tivemos a quebra de sigilo na Receita Federal, operada por petistas, mas sem qualquer conotação aparente com a candidata. Já o escândalo na Casa Civil, cuja titular é criação da própria Dilma, dará o que pensar durante os quatro anos de seu provável mandato presidencial. Poderia ter passado sem isso.
O ideal seria que ela não abrisse um flanco tão cabeludo para os ataques que sofrerá daqui em diante, não mais em termos conceituais, mas éticos. Afinal, há muito que a Casa Civil, seja nos tempos de José Dirceu e agora em tempos de Dilma, é pasto de escândalos. Alguns gravíssimos, como o mensalão e agora o tráfico de influência praticado escancaradamente pelo filho da sucessora, amiga e braço direito de Dilma.
Não votarei em nenhum dos dois, mas dando os descontos de praxe, achava que os dois candidatos se equivaliam, mereciam o respeito de todos. Não creio que as autoridades possam apurar a realidade do escândalo em tempo útil, ou seja, antes da eleição de 3 de outubro. E, como as pesquisas indicam a vitória de Dilma, ela arrastará durante o seu mandato uma dúvida que será também uma dívida.


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