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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

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CAUTELA NO CONSUMO

A despeito dos cortes de juros e da redução da inflação, que contribuiu para estancar a queda do rendimento médio dos trabalhadores no mês de agosto, as vendas do comércio tiveram mais um resultado negativo. Segundo pesquisa de abrangência nacional do IBGE, o volume de mercadorias vendidas em agosto foi 5,9% inferior ao observado em igual período do ano passado.
Os dados sugerem que as expectativas a respeito de um processo mais rápido e consistente de reaquecimento da atividade econômica ainda não estão se concretizando. A redução das vendas em relação a agosto de 2002 foi generalizada. Apenas Rondônia e Goiás apresentaram expansão, sendo que todas as categorias de produtos pesquisadas mostraram queda.
Embora a fase mais adversa, em termos de desaquecimento do mercado de trabalho e de perda de poder aquisitivo, pareça estar ficando para trás, os consumidores ainda mantêm uma atitude de grande cautela. O desânimo não chega a surpreender, tendo em vista que os trabalhadores que retiveram seus empregos acumularam nos últimos cinco anos uma redução real do poder de compra da ordem de 20%. Isso sem mencionar os que passaram a integrar o contingente de desempregados.
O conservadorismo dos consumidores naturalmente condiciona as decisões empresariais. Ele ajuda a explicar, por exemplo, porque o emprego na indústria só está crescendo graças a setores ligados à exportação, como mostrou levantamento da Fiesp relativo ao mês de setembro.
Esse cenário não recomenda esperanças quanto a uma recuperação mais expressiva do emprego a curto prazo. As próprias entidades empresarias avaliam que a abertura de novos postos só deverá ocorrer depois da redução das horas ociosas dos já empregados e, em seguida, da ampliação do uso das horas extras. O compasso, portanto, ainda é de espera, o que recomendaria novos estímulos à economia, entre outros, sob a forma de redução da taxa de juros, ainda extremamente alta.


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