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CAUTELA NO CONSUMO
A despeito dos cortes de juros e
da redução da inflação, que
contribuiu para estancar a queda do
rendimento médio dos trabalhadores no mês de agosto, as vendas do
comércio tiveram mais um resultado
negativo. Segundo pesquisa de
abrangência nacional do IBGE, o volume de mercadorias vendidas em
agosto foi 5,9% inferior ao observado em igual período do ano passado.
Os dados sugerem que as expectativas a respeito de um processo mais
rápido e consistente de reaquecimento da atividade econômica ainda
não estão se concretizando. A redução das vendas em relação a agosto
de 2002 foi generalizada. Apenas
Rondônia e Goiás apresentaram expansão, sendo que todas as categorias de produtos pesquisadas mostraram queda.
Embora a fase mais adversa, em
termos de desaquecimento do mercado de trabalho e de perda de poder
aquisitivo, pareça estar ficando para
trás, os consumidores ainda mantêm uma atitude de grande cautela. O
desânimo não chega a surpreender,
tendo em vista que os trabalhadores
que retiveram seus empregos acumularam nos últimos cinco anos
uma redução real do poder de compra da ordem de 20%. Isso sem mencionar os que passaram a integrar o
contingente de desempregados.
O conservadorismo dos consumidores naturalmente condiciona as
decisões empresariais. Ele ajuda a explicar, por exemplo, porque o emprego na indústria só está crescendo
graças a setores ligados à exportação, como mostrou levantamento da
Fiesp relativo ao mês de setembro.
Esse cenário não recomenda esperanças quanto a uma recuperação
mais expressiva do emprego a curto
prazo. As próprias entidades empresarias avaliam que a abertura de novos postos só deverá ocorrer depois
da redução das horas ociosas dos já
empregados e, em seguida, da ampliação do uso das horas extras. O
compasso, portanto, ainda é de espera, o que recomendaria novos estímulos à economia, entre outros, sob
a forma de redução da taxa de juros,
ainda extremamente alta.
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