São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Regressão ideológica

BRASÍLIA - Lula disse que não teria privatizado várias empresas estatais federais se fosse presidente nos anos 90. Alckmin, morrendo de medo, faz comerciais prometendo não privatizar Petrobras, Caixa Econômica Federal e Correios.
No Rio Grande do Sul, mais regressão ideológica. De um lado, Olívio Dutra (PT) dispensa apresentações. Do outro, uma atemorizada Yeda Crusius (PSDB) vestiu até jaqueta do banco estatal local para se dizer antiprivatista.
Esse retorno ao passado é uma das provas vivas da era mesozóica em que se encontra a política brasileira. Os dois partidos que mais apoios tiveram para comandar o país continuam com a mesma vergonha do início dos anos 80/90 a respeito de redimensionar o Estado.
Seria o caso de perguntar a Lula como o PT preencheria os cargos nas 27 empresas de telefonia estatal se esses monumentos à ineficiência ainda estivessem nas mãos do Estado. No início dos anos 90, o presidente da República gastava semanas para aprovar as nomeações de centenas de diretores das teles.
Eram quase 2.000 postos, muitos a serviço de roubalheira.
É natural que Lula, PT e adjacências abusem do discurso ambíguo a respeito. Confundem de propósito "privatizar" com o binômio "priviatizar/roubar", como se fosse impossível vender corretamente empresas estatais que nada têm a ver com as funções precípuas de Estado. Até aí, jogo jogado. Eleição é assim mesmo.
O fascinante e revelador nesse cenário pantanoso é a pusilanimidade dos tucanos. Poderiam contar a história completa. O problema, como se sabe, é o conflito de consciência do PSDB: sabe dos erros cometidos no passado e titubeia sobre sua capacidade de fazer correto no futuro. Assim, vai ficando cada vez mais fácil para Lula.


frodriguesbsb@uol.com.br

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