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FERNANDO RODRIGUES
Regressão ideológica
BRASÍLIA - Lula disse que não teria privatizado várias empresas estatais federais se fosse presidente
nos anos 90. Alckmin, morrendo de
medo, faz comerciais prometendo
não privatizar Petrobras, Caixa
Econômica Federal e Correios.
No Rio Grande do Sul, mais regressão ideológica. De um lado, Olívio Dutra (PT) dispensa apresentações. Do outro, uma atemorizada
Yeda Crusius (PSDB) vestiu até jaqueta do banco estatal local para se
dizer antiprivatista.
Esse retorno ao passado é uma
das provas vivas da era mesozóica
em que se encontra a política brasileira. Os dois partidos que mais
apoios tiveram para comandar o
país continuam com a mesma vergonha do início dos anos 80/90 a
respeito de redimensionar o Estado.
Seria o caso de perguntar a Lula
como o PT preencheria os cargos
nas 27 empresas de telefonia estatal
se esses monumentos à ineficiência
ainda estivessem nas mãos do Estado. No início dos anos 90, o presidente da República gastava semanas para aprovar as nomeações de
centenas de diretores das teles.
Eram quase 2.000 postos, muitos a
serviço de roubalheira.
É natural que Lula, PT e adjacências abusem do discurso ambíguo a
respeito. Confundem de propósito
"privatizar" com o binômio "priviatizar/roubar", como se fosse impossível vender corretamente empresas estatais que nada têm a ver com
as funções precípuas de Estado. Até
aí, jogo jogado. Eleição é assim mesmo.
O fascinante e revelador nesse
cenário pantanoso é a pusilanimidade dos tucanos. Poderiam contar
a história completa. O problema,
como se sabe, é o conflito de consciência do PSDB: sabe dos erros cometidos no passado e titubeia sobre
sua capacidade de fazer correto no
futuro. Assim, vai ficando cada vez
mais fácil para Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
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