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ELIANE CANTANHÊDE
Liderança não é de graça
BRASÍLIA - Lula não quer mais
chegar de mãos abanando aonde
Hugo Chávez vai como Papai Noel.
Por isso, adiou a viagem a Cuba e
demora a bater o martelo na chegada à Bolívia, em dezembro. Só quer
ir com tudo pronto. Não por acaso.
Cuba e Bolívia são os maiores aliados da Venezuela na região.
Além da retomada dos investimentos da Petrobras na exploração
de gás na Bolívia, Lula quer levar na
mala outra novidade para o arisco
Evo Morales: US$ 35 milhões, via
Proex (programa de incentivo às
exportações), para tratores e equipamentos agrícolas. O pacotinho
vai inaugurar a lei 11.499 deste ano,
que garante financiamentos de
bens e serviços nacionais com taxas
camaradas. No caso da Bolívia, 2%
ao ano, em 20 anos, com 5 de carência. Coisa de irmão para irmão.
Enquanto isso, a Petrobras vai
aumentando sua participação na
Bolívia, onde seus dois campos, o de
San Antonio e o de San Alberto, já
deram tudo o que tinham de dar. O
alvo maior é o campo de Itau, que
tem a expectativa de produzir 4 mil
metros cúbicos por dia a partir de
2011. E há outros.
Na sua forte investida na América
Latina, o Brasil acha que terá ótimas relações com a nova presidente
da Argentina, Cristina Kirchner,
que vem aí na próxima segunda-feira e é considerada "mais cosmopolita" do que o marido, Néstor Kirchner, que gosta de dar estocadas no
Brasil e nunca foi sensível para a diplomacia. Aliás, jamais deu uma entrevista para a imprensa brasileira.
Agora, é ver a pressão de Lula para o Congresso aprovar a entrada da
Venezuela no Mercosul, pois Chávez tem lá suas idiossincrasias, mas
o seu país já é hoje o segundo superávit comercial do Brasil, depois
dos EUA. Mais de US$ 4,5 bi de exportações -e de manufaturados.
No apagar das luzes de 2007, Lula
joga o foco na vizinhança. Líder que
é líder lidera. No mundo de hoje, isso tem lá o seu preço. Em dólares.
elianec@uol.com.br
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