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MARINA SILVA
Opinião pública e mudança climática
NA SEMANA passada, o governo fez dois anúncios extremamente significativos:
a menor taxa de desmatamento já
registrada na Amazônia e o compromisso de reduzir a tendência de
crescimento das emissões de gases
de efeito estufa entre 36,1% e
38,9% até 2020.
São resultados importantes,
conseguidos, ao longo dos anos,
com a forte e contínua pressão de
diferentes segmentos da sociedade
e do Ministério do Meio Ambiente
na construção de uma política ambiental. Sem isso, o compromisso
do governo com a redução de emissões simplesmente não teria saído.
Saúdo o governo por isso e lembro
que esses anúncios precisam fazer
parte de uma visão estratégica de
país. Aliás, a luta pelo cumprimento de tais metas está só começando.
Por isso é fundamental a institucionalização desses compromissos, para que não se percam no vácuo das declarações conjunturais.
Para o Brasil, seja qual for a opção eleitoral que a população faça
no ano que vem, será necessária
uma inflexão definitiva para o desenvolvimento sustentável. Há
pontos de partida que já estão dados, a exemplo da abordagem que
ajudou a criar as condições para
que ambos os anúncios pudessem
ser feitos. O Plano de Combate ao
Desmatamento, que surgiu da síntese das melhores propostas da sociedade, integrando esforços dos
órgãos governamentais e da sociedade, contribuiu nesse processo.
Mobilizou de modo extraordinário
a opinião pública, por meio da
transparência e do livre acesso às
informações.
No âmbito internacional, o Brasil sempre procurou reafirmar seus
espaços, desde a construção do
Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, proposta brasileira inserida no Protocolo de Kyoto, até a admissão de metas voluntárias, mensuráveis e verificáveis, apresentada
em 2007, na Conferência de Bali.
Temos agora a oportunidade de
concretizar aquele compromisso.
Para isso, teremos que estender
a política de redução de emissões a
outros setores, não só ao desmatamento, mas na agricultura, na
energia, nos transportes e na indústria. Defenderei no Senado a
ideia de inserir a meta anunciada
no projeto de lei que trata da Política Nacional de Mudanças Climáticas. É preciso ratificar seu status de
objetivo de longo prazo, a ser sustentado por quaisquer governos.
O Brasil está com tudo a seu favor e pode brilhar em Copenhague.
Só não podemos permitir que setores mais atrasados do governo e do
agronegócio tenham êxito na desconstrução da legislação que sustenta as medidas que levaram a esses resultados. O Brasil deve assumir a vocação de líder e estar à altura das responsabilidades nacionais
e globais que isso implica.
contatomarinasilva@uol.com.br
MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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