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FERNANDO DE BARROS E SILVA
O que vai ser quando crescer?
SÃO PAULO - O grupo de jovens
que agrediu pelo menos três rapazes por volta das 6h30 de anteontem, na avenida Paulista, estuda
num colégio particular. Menos de
15% dos adolescentes nessa faixa
etária frequentam escolas privadas
em São Paulo; o resto está na escola
pública ou fora da escola.
Além disso, desde o primeiro instante os agressores contaram com a
proteção de pelo menos um advogado. É, em tese, um direito de todos, embora, na prática, seja mais
um indicador de privilégio social.
Os jovens já estão em casa. Foram liberados ontem -quatro deles, entre 16 e 17 anos, da Fundação
Casa; Jonathan Lauton Domingues, 19, o único universitário, de
um centro de detenção provisório.
Não sei se deveriam permanecer
detidos. Mas seria bom que não ficassem impunes. É possível, porém, que a maior punição seja a repercussão pública do caso, com os
constrangimentos, para os jovens e
familiares, daí decorrentes.
Não se pode compactuar com o
linchamento sumário dos agressores, não há dúvida; mas também
não é possível tolerar ou ser conivente com esse tipo de delinquência juvenil. As vítimas, talvez não
seja demais lembrar, são os que foram espancados covardemente.
Há fortes indicações de que os
garotos agiram movidos por homofobia. Isso apesar dos esforços do
advogado -que está ali para reduzir danos dos clientes e não para dizer a verdade- para caracterizar o
episódio como mera "confusão".
Quase todos já fizemos porcaria
quando jovens. É a fase da explosão
hormonal e da vitalidade física, dos
exageros e da insensatez, dos impulsos para desafiar o perigo, das
transgressões e dos ritos de afirmação diante dos (e com os) colegas.
Mas a juventude também é o período em que fixamos os valores
que vão nos servir de norte na vida
adulta. O que pretendem ser quando crescer os meninos bem nascidos que se divertiam distribuindo
pauladas em inocentes em plena
Paulista no feriadão escolar?
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