São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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CARLOS HEITOR CONY

Lula, uma chanchada

RIO DE JANEIRO - A semana que passou foi, ao mesmo tempo, dura e mole para o presidente da República. Como chefe do governo, amargou duas derrotas no Senado, uma delas vexatória, pois se empenhou pessoalmente até o último momento pela prorrogação da CPMF.
Pode-se dizer que a classe política e a mídia (esta em forma consensual) não aprovam sua atuação no cenário nacional.
Poucas vezes na história do Brasil um presidente e um governo recebem tantas críticas e despertam tantas cóleras nos arraiais da política e da mídia. Praticamente não há, nos meios de comunicação, uma voz discordante, clamando no deserto. O pau é geral.
Na mesma semana em que Lula perde duas batalhas importantes, sua popularidade cresce, passando de 48% em setembro para 51% em dezembro. E a taxa de aprovação do seu governo segue alta, com 63%.
Isso me faz lembrar do tempo dourado das chanchadas do cinema nacional. Os intelectuais e a unanimidade da crítica e dos entendidos baixavam o pau em todas elas, apontando-as como calamidade social, uma perversidade que fazia do brasileiro comum um ser abjeto que curtia o que de pior podia ser produzido pelo ser humano.
Apesar desta verdade brandida em tom exaltado pelos meios de comunicação e pelas rodas cultas, o povão fazia filas para ver a turma de sempre, as correrias de sempre, os números musicais que eram tocados no rádio à exaustão.
Neste particular, Lula parece uma chanchada. Não é um Bergman, um Fellini, um Billy Wilder, um John Ford. Faz alguma força para isso, mas não dá jeito. Mas a maioria gosta dele mesmo assim. E atribui os seus insucessos no governo à onda de rejeição que provoca nas classes sofisticadas que não o aceitam porque erra nas concordâncias e nos plurais.


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