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CARLOS HEITOR CONY
Lula, uma chanchada
RIO DE JANEIRO - A semana que
passou foi, ao mesmo tempo, dura e
mole para o presidente da República. Como chefe do governo, amargou duas derrotas no Senado, uma
delas vexatória, pois se empenhou
pessoalmente até o último momento pela prorrogação da CPMF.
Pode-se dizer que a classe política e a mídia (esta em forma consensual) não aprovam sua atuação no
cenário nacional.
Poucas vezes na história do Brasil
um presidente e um governo recebem tantas críticas e despertam
tantas cóleras nos arraiais da política e da mídia. Praticamente não há,
nos meios de comunicação, uma
voz discordante, clamando no deserto. O pau é geral.
Na mesma semana em que Lula
perde duas batalhas importantes,
sua popularidade cresce, passando
de 48% em setembro para 51% em
dezembro. E a taxa de aprovação do
seu governo segue alta, com 63%.
Isso me faz lembrar do tempo
dourado das chanchadas do cinema
nacional. Os intelectuais e a unanimidade da crítica e dos entendidos
baixavam o pau em todas elas,
apontando-as como calamidade social, uma perversidade que fazia do
brasileiro comum um ser abjeto
que curtia o que de pior podia ser
produzido pelo ser humano.
Apesar desta verdade brandida
em tom exaltado pelos meios de comunicação e pelas rodas cultas, o
povão fazia filas para ver a turma de
sempre, as correrias de sempre, os
números musicais que eram tocados no rádio à exaustão.
Neste particular, Lula parece
uma chanchada. Não é um Bergman, um Fellini, um Billy Wilder,
um John Ford. Faz alguma força
para isso, mas não dá jeito. Mas a
maioria gosta dele mesmo assim. E
atribui os seus insucessos no governo à onda de rejeição que provoca
nas classes sofisticadas que não o
aceitam porque erra nas concordâncias e nos plurais.
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