São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Uma cruzada pela educação

NA EDIÇÃO de 25/11, tive a satisfação de aplaudir nesta coluna os brilhantes resultados alcançados pelos alunos do Senai que classificaram o Brasil em segundo lugar na Olimpíada das Profissões, realizada no Japão.
Na semana seguinte, recebi uma ducha de água fria ao saber que os alunos brasileiros ocupam os últimos lugares no mundo no desempenho em ciências, matemática e português. Isso está se tornando uma doença crônica. O que fazer?
Sabemos que os resultados dos investimentos em educação são lentos. Mas precisamos encontrar uma fórmula de queimar etapas e acelerar o processo.
Sem ser especialista nesse campo, vejo que os pesquisadores recomendam atacar prioritariamente a melhoria da gestão das escolas, o aperfeiçoamento dos professores, o apoio aos estudantes desprotegidos e o rigor na avaliação.
No campo da avaliação, já demos bons passos. Pode estar aí o passo inicial para encurtar o caminho. A Prova Brasil avalia os alunos da quarta e oitava séries, e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) examina os alunos do terceiro ano do ensino médio. Com base neles, é possível saber o que está acontecendo nas escolas da rede pública, incluindo o desempenho dos alunos e dos professores. São instrumentos úteis para corrigir rumos.
Para facilitar o seu uso, sugiro que as empresas ajudem os seus funcionários, via internet, a conhecer qual é a situação da escola onde estudam seus filhos.
Nesse caso, pais e empresários passariam a cobrar um melhor ensino, exigindo dos diretores, professores e autoridades governamentais uma educação com o maior empenho possível.
A força da demanda é estratégica para o Brasil subir alguns degraus entre os países com os quais compete e para chegar a uma democracia adulta. Sim, porque a boa educação é importante não só para o trabalho mas, sobretudo, para o exercício da cidadania.
Precisamos dar uma virada para ganhar um pouco do tempo perdido. Não adianta continuarmos a fazer diagnósticos e a promover comparações com outros países. Já conhecemos a problemática. Estamos atrás da "solucionática".
Minha sugestão, portanto, é a de organizar mecanismos para aumentar a pressão da demanda pelo bom ensino.
Faz-se necessário montar um grande movimento social -uma verdadeira cruzada- cujo lema seria: pais e empresários de todo o Brasil, uni-vos para melhorar a educação.


antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
escreve aos domingos nesta coluna.


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