São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Editoriais

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Obesidade crônica

É oportuno que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, pretenda entregar à presidente eleita, Dilma Rousseff, um plano de combate à obesidade.
O país tem colhido alguns sucessos na redução de mortes por doenças crônicas. De acordo com os números apresentados nesta semana pela pasta, entre 1996 e 2007 registrou-se uma diminuição de 17% nessa categoria de óbitos, que inclui males cardiovasculares, respiratórios e cânceres.
Grande parte do êxito, vale mencioná-lo, se deve ao impressionante decréscimo no percentual de fumantes, que, nos últimos 20 anos, caiu de 35% para 16% da população adulta.
A notável exceção no grupo é o diabetes tipo 2, doença visceralmente associada à obesidade. Houve um incremento de 10% ao longo da última década.
Para tornar a situação ainda mais difícil, a medicina vai se tornando cada vez mais cética em relação ao controle da obesidade. Pesquisas mostram que emagrecer é relativamente fácil, mas a maioria dos pacientes que se submetem a um tratamento para perder peso o recupera -muitas vezes com juros- em até um ano após o relaxamento do regime.
A principal dificuldade parece ter origem na evolução, cuja memória reside na estrutura genética que herdamos de nossos ancestrais. Devido às adversidades enfrentadas pela humanidade na maior parte de sua história, sobreviviam melhor e geravam prole maior os indivíduos com genes mais propícios para armazenar energia na forma de gordura.
As condições de vida mudaram radicalmente nos últimos séculos, mas o organismo, não. Ele está programado para poupar o máximo possível de energia, e isso num contexto de farta oferta de calorias e num ritmo de vida em que as gastamos cada vez menos.
O caminho para remediar a situação está em ações educativas que estimulem a atividade física, alertem para os riscos da obesidade e difundam noções de alimentação saudável -ainda que seja difícil evitar os imperativos de uma predisposição biológica.


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