São Paulo, domingo, 17 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMÍLIO ODEBRECHT

O valor dos intangíveis

O PATRIMÔNIO intangível de qualquer instituição é constituído por ativos como princípios, crenças e propósitos de seus criadores, conhecimentos, habilidades e atitudes de seus líderes, tecnologias, processos, imagem, patentes e tudo o que é necessário -mas não é físico- para satisfazer quem dela precisa.
O valor desses bens incorpóreos está na função que têm de garantir a viabilidade da instituição no longo prazo, não importa de que natureza ela seja. No caso das organizações empresariais, elas só manterão sua força ao longo dos anos se forem capazes de gerar resultados econômicos e resultados não econômicos, faces da mesma moeda.
Avaliar o desempenho de um profissional tendo como parâmetro apenas os lucros que alcançou é uma visão estreita e não educativa, que pode induzi-lo a se tornar um mercenário. Todos devem ser avaliados, mas é preciso conferir os pesos certos aos critérios utilizados.
Resultados empresariais não econômicos -portanto, intangíveis- adquirem relevância em ambientes onde a geração de riquezas é consequência do compromisso de servir clientes e comunidades e onde parte dessa riqueza é destinada ao reinvestimento, que proporciona novas oportunidades de desenvolvimento para as pessoas e para as próprias comunidades.
A sustentabilidade é um intangível que se transformou no espírito do nosso tempo. As práticas empresariais sustentáveis devem visar a constituição de sociedades e países economicamente prósperos, socialmente justos, ambientalmente conservados, politicamente estáveis e culturalmente diversos -condições indispensáveis para que uma organização possa estabelecer como rumo sobreviver, crescer e se perpetuar.
Sustentabilidade e competitividade não são conflitantes ou excludentes -ambas são indissociáveis e sinérgicas. A marca também figura nessa categoria. Quando a sociedade vincula o nome de uma empresa a produtos e serviços de qualidade, preços justos e responsabilidade social, ou seja, a um modo de ser, temos um ativo intangível que simboliza as boas práticas da organização que identifica.
É fácil perceber que estou tratando aqui de uma cultura permeada por valores éticos, algo único, singular, que, ao contrário de máquinas ou prédios, não pode ser comprado. Precisa ser cultivado e assumido por quem acredita na perpetuidade das instituições.
A transferência desse patrimônio de uma geração para outra é o que vai assegurar a quem nos sucederá no futuro a capacidade de responder aos desafios da história em cada etapa da evolução humana.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.



Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Haiti
Próximo Texto: Frases

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.