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EMÍLIO ODEBRECHT
O valor dos intangíveis
O PATRIMÔNIO intangível de
qualquer instituição é constituído por ativos como
princípios, crenças e propósitos de
seus criadores, conhecimentos, habilidades e atitudes de seus líderes,
tecnologias, processos, imagem,
patentes e tudo o que é necessário
-mas não é físico- para satisfazer
quem dela precisa.
O valor desses bens incorpóreos
está na função que têm de garantir
a viabilidade da instituição no longo prazo, não importa de que natureza ela seja.
No caso das organizações empresariais, elas só manterão sua
força ao longo dos anos se forem
capazes de gerar resultados econômicos e resultados não econômicos, faces da mesma moeda.
Avaliar o desempenho de um
profissional tendo como parâmetro apenas os lucros que alcançou é
uma visão estreita e não educativa,
que pode induzi-lo a se tornar um
mercenário. Todos devem ser avaliados, mas é preciso conferir os pesos certos aos critérios utilizados.
Resultados empresariais não
econômicos -portanto, intangíveis- adquirem relevância em ambientes onde a geração de riquezas
é consequência do compromisso
de servir clientes e comunidades e
onde parte dessa riqueza é destinada ao reinvestimento, que proporciona novas oportunidades de desenvolvimento para as pessoas e
para as próprias comunidades.
A sustentabilidade é um intangível que se transformou no espírito
do nosso tempo. As práticas empresariais sustentáveis devem visar a constituição de sociedades e
países economicamente prósperos, socialmente justos, ambientalmente conservados, politicamente
estáveis e culturalmente diversos
-condições indispensáveis para
que uma organização possa estabelecer como rumo sobreviver, crescer e se perpetuar.
Sustentabilidade e competitividade não são conflitantes ou excludentes -ambas são indissociáveis
e sinérgicas.
A marca também figura nessa categoria. Quando a sociedade vincula o nome de uma empresa a produtos e serviços de qualidade, preços justos e responsabilidade social, ou seja, a um modo de ser, temos um ativo intangível que simboliza as boas práticas da organização que identifica.
É fácil perceber que estou tratando aqui de uma cultura permeada por valores éticos, algo único,
singular, que, ao contrário de máquinas ou prédios, não pode ser
comprado. Precisa ser cultivado e
assumido por quem acredita na
perpetuidade das instituições.
A transferência desse patrimônio de uma geração para outra é o
que vai assegurar a quem nos sucederá no futuro a capacidade de responder aos desafios da história em
cada etapa da evolução humana.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.
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