São Paulo, domingo, 17 de janeiro de 1999

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Tenacidade e esperança em favor do Brasil


A desvalorização feita por meio da livre flutuação deve se refletir favoravelmente para a produção industrial


HORACIO LAFER PIVA

Enquanto continuam a se desenvolver, no Brasil e no mundo, os eventos políticos e econômicos decorrentes da desvalorização do real, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que procuram analisar e compreender o que se passa, mantêm sua aposta no futuro do país, acreditando que o mercado será capaz, nos próximos dias, de encontrar seu próprio equilíbrio.
Até as últimas horas de sexta-feira, dirigentes da entidade mantiveram contatos, procurando avaliar os reflexos que as mudanças no regime cambial teriam para a indústria.
Em princípio, a desvalorização da moeda feita por meio da livre flutuação do câmbio deve se refletir favoravelmente para a produção industrial, estimulando as exportações e eliminando o subsídio oculto que de fato existia para as importações. É um passo importante na direção da isonomia competitiva dos produtos brasileiros.
A Fiesp/Ciesp reafirma, neste momento, seu compromisso com os princípios lançados por meio do Pacto pela Produção e pelo Emprego (que propôs em dezembro passado), que leva em conta o lado real da economia. Assim, continuará lutando por uma redução sustentada da taxa de juros, com a consequente retomada do crescimento econômico.
A desvalorização da moeda pode permitir, como já permitiu nos países asiáticos e no México, a redução dos juros. A entidade agirá também na busca de um amplo entendimento nacional, que envolva governo, oposição e diversos setores da sociedade civil.
A Fiesp/Ciesp compartilha com a sociedade a forte preocupação com a possibilidade de que a inflação volte a subir, como efeito da desvalorização. Por isso mesmo, declara-se explicitamente inimiga da indexação (esse perverso agente inflacionário) e defensora da estabilidade da nossa moeda. Voltar atrás seria o pior dos mundos.
As nossas entidades estimulam os associados para que se esforcem a fim de manter estáveis os níveis dos preços dos produtos e insumos industriais. E fazem um apelo ao governo: os preços públicos não podem dar um mau exemplo ao mercado.
No quadro da luta em favor da produção, a Fiesp/Ciesp sugere uma ofensiva nacional pelo aumento das exportações. Do mesmo modo, estimula uma ação articulada no combate às importações supérfluas ou desleais, por meio dos mecanismos disponíveis.
A indústria entende que, a duras custas, está completando o seu próprio ajuste. Flexibilizada pelos recentes saltos de produtividade e com baixo grau de endividamento, até por causa da própria irracionalidade da recente política monetária, tem condições de resistir com sucesso aos atuais embates da economia.
A Fiesp/Ciesp reafirma, nesta hora, a sua crença na capacidade do setor privado brasileiro e na competência do nosso empresariado. As entidades renovam o seu apelo ao Congresso para que complete imediatamente o ajuste fiscal e, logo em seguida, aprove a reforma tributária e as demais reformas estruturais, tão necessárias para libertar no Brasil o dinamismo e a eficácia do livre empreendimento. Sem as reformas, todo sacrifício imposto à nação de nada valerá.
Com tenacidade e esperança, os industriais de São Paulo respondem aos desafios do momento. Em favor do Brasil.


Horacio Lafer Piva, 41, industrial, é presidente da Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).




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