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CARLOS HEITOR CONY
Canivete suíço
RIO DE JANEIRO - De uns tempos para cá, a mídia decidiu adotar o
politicamente correto e, além disso,
evitar problemas na Justiça: jornais, revistas, rádios e TVs não classificam ninguém de traficante, ladrão, estuprador ou assassino. Na
obrigação de informar crimes, sequestros, tiroteios e assaltos sexuais, o máximo a que chegam é à
suposição. A polícia invade um
morro e mata tantos supostos traficantes, que supostamente escondiam um arsenal supostamente de
última geração.
Esse cuidado com a lei e com os
fatos foi agora reforçado pelo Supremo Tribunal Federal: só se deve
julgar após o último recurso na Justiça. Até lá, tudo não passará de suposições (ia dizer supositórios). Suponho que todos estejam supostamente certos.
Daí o meu espanto quando a mídia tratou do caso de uma brasileira
que supostamente teria sido retalhada por supostos neonazistas na
Suíça. Até mesmo Lula e o ministro
Amorim embarcaram nessa, sem
esperar que a suposição fosse confirmada ou negada.
Para o bem geral, não se chegou
ao "casus belli", a um caso de guerra
contra aquele país supostamente
pacífico, cujo exército, se é que lá
existe um (que não seja a Guarda
Suíça que cabe toda no Vaticano), e
cuja arma principal é aquele canivete também suíço, com diversas
lâminas, abridor de lata, tesourinha
de unha, chave de parafuso e alicate. Serve para mil e uma atividades.
Supostamente serve para mutilar
barriga e pernas de uma brasileira.
É evidente que o caso requer uma
investigação real, e não suposta,
uma vez que os fatos estão embaralhados não de forma suposta, mas
real. Por ora, manda a prudência
que se espere a última palavra da
polícia suíça e da Corte de Haia para
formarmos uma posição política e
juridicamente correta.
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