|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Meirelles na manga
SÃO PAULO - Eleito deputado federal pelo PSDB de Goiás em 2002,
Henrique Meirelles trocou o Congresso pelo convite inesperado de
Lula para ser presidente do Banco
Central no governo petista. Então
debutante na política, ele vinha de
uma trajetória exitosa no mercado
financeiro, tendo chegado nos anos
90 ao topo da hierarquia executiva
do Bank of Boston.
O tucano de Anápolis com perfil
conservador e carreira de banqueiro internacional foi, com Antonio
Palocci, o fiador da ortodoxia econômica e uma arma de Lula para
aplacar a desconfiança do mercado.
Para muitos companheiros, Meirelles era uma espécie de "alien" a
ser extirpado do organismo do poder. Com seu jeitão de ET no meio
da petelândia, ele sobreviveu e se
tornou um dos esteios do lulismo.
José Dirceu, Palocci, Luiz Gushiken, muita gente dançou na cúpula
do PT e no primeiro escalão do governo. Meirelles é o único quadro
de elite a permanecer onde estava
desde 1º de janeiro de 2003.
O presidente do BC está no
PMDB desde setembro passado. E
disse a Lula há poucos dias que num
eventual governo Dilma Rousseff
gostaria de continuar "colaborando" na "esfera federal". Sua pretensão, como está claro, seria concorrer na condição de vice-presidente.
Na disputa interna do PMDB,
Meirelles hoje é o franco azarão. O
partido, que o vê como forasteiro,
armou seu jogo em torno de Michel
Temer. O deputado, no entanto,
não inspira confiança ao PT nem
tem a simpatia de Lula.
O fato é que, no círculo lulista,
Meirelles começa a ser visto seriamente como coadjuvante útil a uma
presidenciável que militou na luta
armada. A guerrilheira e o banqueiro -parece até sessão da tarde.
O vice que patrocinou a estabilidade daria uma espécie de sinal ao
mercado contra a retórica esquerdosa e a inclinação estatizante da
candidata. Talvez Meirelles represente para a campanha de Dilma o
que a Carta ao Povo Brasileiro representou para Lula em 2002.
Texto Anterior: Editoriais: Sobram vagas
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Janela indiscreta Índice
|