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Gargalo ferroviário
Governo prevê aumentar participação de trilhos no transporte de carga, mas faltam condições para investimentos bilionários
A FERROVIA está para a
movimentação de cargas como o metrô e os
trens de subúrbio estão
para o deslocamento urbano de
passageiros. O trem carrega
grandes volumes, de modo mais
confiável -sem os imprevistos
do tráfego na dilapidada malha
rodoviária- e
com um custo
em geral menor.
Essa modalidade de transporte responde, porém, por
apenas um
quarto do volume de carga no
país. Veio perdendo importância até a década de 1990,
quando uma
privatização
imediatista ensejou a retomada no crescimento dos volumes,
mas não equacionou os investimentos futuros, limitação que
agora se faz sentir.
A prioridade da desestatização
da RFFSA, a maior rede do país,
foi estancar a sangria de US$ 200
milhões anuais da União. Entre
1992 e 1998, o governo federal
procedeu a um arrendamento de
linhas que transformou o prejuízo numa receita da ordem de R$
400 milhões ao ano. O volume
transportado passou de 253 milhões de toneladas, em 1997, para
415 milhões de toneladas, em
2007 -progressão de 64% no espaço de uma década.
De 2007 para 2008, o total
avançou só 2,8%. Da Agência Nacional de Transportes Terrestres
a empresários do setor, há consenso de que se esgotou o ciclo de
recuperação sem ampliação significativa da malha.
Só com investimentos bilionários será possível aumentar de
25% para 32% a participação
dessa modalidade na matriz de
transportes, como planeja o governo federal. Quatro projetos
do PAC, com conclusões previstas entre 2010 e 2012, somam
5.747 km de expansão, acréscimo de 20%
sobre a malha
atual concedida, ao custo de
R$ 19 bilhões.
Há atrasos
em todas as
obras. Como
não existem
nos contratos
com concessionários cláusulas de investimento estrutural, é duvidoso
que a expansão
da rede se materialize, em especial na atual
perspectiva sombria da economia mundial. Quando a crise arrefecer, contudo, o país necessitará de infraestrutura para escoar o aumento da produção.
Urge, portanto, rever os termos do arrendamento. É preciso
encontrar uma fórmula que garanta o investimento para disseminação do transporte ferroviário, preservando ao mesmo tempo a rentabilidade dos concessionários, mas com o compromisso
de moderação tarifária.
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