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PROPAGANDA NO HOSPITAL
Relações promíscuas entre a
indústria farmacêutica e médicos não são propriamente uma novidade no Brasil nem no mundo. Os
dois lados precisam interagir. Definir os limites éticos desse relacionamento é o grande desafio.
Reportagem publicada pela Folha
mostrou que grandes hospitais universitários como o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo cobram
uma taxa de R$ 10 de representantes
de laboratórios para cadastrá-los, o
que lhes dá o direito de circular livremente pelas dependências da instituição. O HC conta hoje com 300
propagandistas registrados.
É claro que a indústria tem o direito
de promover os seus produtos. Mais
do que isso, deve-se reconhecer que
os laboratórios desempenham um
papel importante na educação continuada de médicos, ao mantê-los informados de avanços farmacológicos e técnicos.
Tais considerações, porém, não
impedem que se julgue inadequada
atuação assim tão ostensiva de parte
da indústria. Hospitais públicos devem ser um ambiente tão asséptico
quanto possível, no qual profissionais possam aplicar seu raciocínio
clínico livres da ofensiva mercadológica imediata. Isso é especialmente
verdade para jovens médicos em fase
de formação, cujo espírito crítico
ainda imaturo não os imunizou contra o assédio publicitário que apenas
começam a enfrentar.
Se os laboratórios querem oferecer
a médicos literatura técnica, amostras grátis e outros regalos, devem fazê-lo fora de hospitais e centros de
saúde públicos, onde por vezes ainda
disputam com pacientes a atenção
dos profissionais da saúde.
Interessa aos próprios laboratórios
definir com clareza os limites da publicidade legítima, para que não possam ser acusados de condutas antiéticas. Por isso, associações médicas e
a indústria devem conversar e chegar
a uma auto-regulamentação que seja
efetivamente cumprida.
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