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VINICIUS TORRES FREIRE
Caudilho cordial e neopopulismo
SÃO PAULO - Foi uma semana de vexames e reveses para o lulismo-petismo. O núcleo cabeça-dura de Lula,
provinciano e autoritário, surfou em
uma casca de banana durante dias. O
caudilho cordial, Lula, ratificou mais
alguns de seus repentes salvacionistas, tais como o Primeiro Emprego,
que tenderá a subsidiar a demissão de
gente de mais de 30 anos. Mas dois
dos melhores quadros do PT, Tarso
Genro e Fernando Haddad, vieram
com um projeto pensado para o ensino superior.
O projeto Genro-Haddad reserva
50% das vagas das universidades federais para quem estudou em escola
pública. Cerca de 42% dos estudantes
da federais já vêm de escolas públicas.
Mas estão nos cursos menos concorridos. A reforma Genro-Haddad teria
impacto apenas em cursos como medicina, direito etc.
Além do alcance restrito, tal reforma teria de prever dinheiro para a
compra de material escolar, roupa e
comida dos mais pobres (por que não
usar a verba em bolsa-escola?). De
resto, estudantes de escola pública
que tomariam as vagas "sociais" seriam ainda de classe média (o desempenho dos alunos de escola pública é
determinado pela renda). Ainda assim, o nível das escolas cairia, como
indica estudo da USP.
Outra idéia de Genro-Haddad é
obrigar as faculdades particulares
que não pagam tributos a reservar
20% de suas vagas para pobres, que
não pagariam mensalidade.
Hoje tais escolas não pagam impostos e não dão nada em troca. Se tivessem de pagar, fariam "planejamento
tributário" e jogariam parte do custo
nos alunos. Mas, antes de tocar o projeto, é preciso auditar os imaginativos
esquemas empresariais que donos de
escolas inventam para travestir o lucro em pilantropia. E, de novo: quem
pagaria os outros custos dos alunos
pobres? Enfim, tais vagas-grátis não
iriam para os já inadimplentes, não
havendo aumento real do número de
universitários pobres nas escolas?
O efeito de tais medidas tende a ser
marginal na distribuição de renda e
na composição social da elite do país.
Beneficiaria, no máximo, a classe média baixa, em parte uma freguesia petista. E os miseráveis?
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