São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Democracia x populismo

JORGE BORNHAUSEN

Para consolo dos brasileiros -se é que as desgraças alheias nos fazem menos sofridos com as nossas-, o populismo voltou à moda no mundo inteiro, especialmente na América do Sul. Independentemente da apresentação de fantasia -seja de direita ou de esquerda, como os nossos petistas e assemelhados-, o populismo explora as crises, as frustrações ideológicas e usa o facilitário do golpe e até das garantias democráticas, como na Venezuela. Mas o efeito é sempre a degradação institucional e a ditadura.


A experiência da refundação do PFL é um passo importante para o partido e uma forma de combater o populismo


A denúncia e organização dos povos contra essa praga -que vem sob forma de verdadeira pandemia política- é objeto do texto que será discutido no Rio, nos dias 19 e 20 de maio, na reunião da IDC (Internacional Democrata de Centro), associação mundial de partidos políticos de que o PFL participa como membro brasileiro. Será uma assembléia do seu conselho diretivo, com a participação de representantes de quase uma centena de partidos. No encerramento dos seus trabalhos, essa platéia internacional testemunhará o ato de convocação oficial do Congresso da Refundação do PFL, previsto para se realizar no dia 16 de junho, em Brasília.
Os dois eventos, a reunião internacional da IDC e a abertura do processo de renovação do PFL não são acontecimentos complementares, mas servirão para projetar o grau de avanço da democracia brasileira. Os visitantes terão oportunidade de conhecer, a partir da história e trajetória do nosso partido, a firme linha de oposição que desenvolvemos, tão dura como construtiva. Um trabalho de ação política iniciado há 20 anos e que qualifica o belo projeto eleitoral com que nos preparamos para 2006.
Um projeto que começa justamente pela definição de idéias e programas objetivos para dar ao Brasil uma nova era de desenvolvimento e pleno emprego. São posições tão arrojadas e propostas tão criativas e inovadoras que não havia outra maneira de as anunciar nem forma mais adequada de as adaptar à estrutura partidária, a não ser promovendo uma autêntica e literal refundação do PFL, um recomeçar completo.
Certamente não estamos realizando algo inédito em política, mas fiquem certos de que é algo que transcende as ações convencionais de marketing eleitoral e que criará um espaço e impactos diferentes na atividade política deste país. Para tanto, procuramos combinar conteúdo -idéias criativas e surpreendentes- com formas de o implementar coerentemente, viabilizando-o na prática. A experiência da refundação do PFL, exposta na vitrine da reunião mundial da IDC no Rio, é um passo importante para o nosso partido e uma forma de combater a praga do populismo.
Tendo nascido em 1985, como resultado da firme participação, direta e em alguns momentos decisiva, dos seus fundadores na construção da Nova República que Tancredo Neves empreendia, o PFL ofereceu nesses 20 anos um testemunho irrepreensível de partido democrata, realizando administrações estaduais e municipais exemplares, como tal reconhecidas pela opinião pública (a tal ponto que César Maia, prefeito reeleito do Rio, tornou-se um dos candidatos mais cotados para as eleições presidenciais de 2006).
Na verdade, é o binômio democracia e modernidade que nos esforçamos para fazer valer no PFL, e com ele pretendemos ser reconhecidos eleitoralmente.
O compromisso com a democracia e a legalidade, sem restrições ou preconceitos, e a adoção de posições modernas e administrações eficientes permitem-nos tanto enfrentar a esquerda radical como o pior populismo, que freqüentemente se associam -estiveram solidários, por exemplo, nas últimas eleições municipais em São Paulo, assim como o estão na base parlamentar do governo petista.
A escolha do tema "Democracia versus populismo" tanto estimulará a troca de experiências dos partidos da IDC como promoverá o lançamento do nosso congresso da refundação, que visa justamente aparelhar o PFL contra o risco de que nos aconteça, em 2006, o que ocorreu com o PT, que ganhou as eleições e não sabia o que fazer (como ainda não sabe, passados dois anos e meio no poder) no governo. Deus nos livre de que o PFL repita na Presidência o desastre de Lula e do PT.

Jorge Konder Bornhausen, 67, é senador pelo PFL-SC e presidente nacional do partido. Foi governador de Santa Catarina (1979-82) e ministro da Educação (governo Sarney) e da Secretaria de Governo da Presidência da República (governo Collor).
@ - bornhausen@senador.gov.br



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