São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Marina, apague a luz

LIMA - A saída da ministra Marina Silva acaba sendo o ponto final, ou ao menos semifinal, no modo PT de governar. Marina era o último nome simbólico do partido que ainda estava no governo e ainda exercia influência -não muita, é verdade- naqueles pontos dos quais era símbolo (no caso, o ambiente).
Veja-se, por exemplo, o exemplo de Aloizio Mercadante. Era o símbolo da política econômica que o PT adotaria se chegasse ao poder, durante as diferentes campanhas eleitorais do partido. Uma vez eleito Lula, sumiu, ao menos como símbolo dessa área. Não teve a menor influência na direção tomada pelo governo a partir do reinado de Antonio Palocci.
Tanto que chegou a me dizer, em um almoço anos atrás no Itamaraty, que se sentia "emparedado".
Não podia criticar a política econômica, ainda que discordasse de alguns aspectos, para não soar como desleal.
O fato é que a política econômica é, a rigor, de Henrique Meirelles, reconhecidamente um histórico do PT mais radical. As lideranças do governo no Parlamento são de símbolos, não do PT, mas da oposição ao PT, quando o PT era PT.
Ficaram, é verdade, dois nomes petistas em funções relevantes: Fernando Haddad (Educação) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Mas Haddad nunca foi símbolo. Só um militante com conhecimento específico. E Patrus nunca foi um nome nacional.
O ponto final ao modo PT de governar mereceu, aliás, um duro epitáfio, assinado por outro nome simbólico do partido e do lulismo, Frei Betto, que escreveu para a Folha de ontem sobre a saída da ministra Marina Silva: "Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis".
Quem leu o livro de Betto sobre sua experiência no governo já ficara sabendo que ele escreveu outras lápides ainda mais duras.


crossi@uol.com.br

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