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CLÓVIS ROSSI
Marina, apague a luz
LIMA - A saída da ministra Marina
Silva acaba sendo o ponto final, ou
ao menos semifinal, no modo PT de
governar. Marina era o último nome simbólico do partido que ainda
estava no governo e ainda exercia
influência -não muita, é verdade-
naqueles pontos dos quais era símbolo (no caso, o ambiente).
Veja-se, por exemplo, o exemplo
de Aloizio Mercadante. Era o símbolo da política econômica que o PT
adotaria se chegasse ao poder, durante as diferentes campanhas eleitorais do partido. Uma vez eleito
Lula, sumiu, ao menos como símbolo dessa área. Não teve a menor
influência na direção tomada pelo
governo a partir do reinado de Antonio Palocci.
Tanto que chegou a me dizer, em
um almoço anos atrás no Itamaraty, que se sentia "emparedado".
Não podia criticar a política econômica, ainda que discordasse de alguns aspectos, para não soar como
desleal.
O fato é que a política econômica
é, a rigor, de Henrique Meirelles,
reconhecidamente um histórico do
PT mais radical. As lideranças do
governo no Parlamento são de símbolos, não do PT, mas da oposição
ao PT, quando o PT era PT.
Ficaram, é verdade, dois nomes
petistas em funções relevantes:
Fernando Haddad (Educação) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Mas Haddad nunca foi símbolo. Só um militante com conhecimento específico. E Patrus nunca
foi um nome nacional.
O ponto final ao modo PT de governar mereceu, aliás, um duro epitáfio, assinado por outro nome simbólico do partido e do lulismo, Frei
Betto, que escreveu para a Folha de
ontem sobre a saída da ministra
Marina Silva:
"Não te merece um governo que
se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis".
Quem leu o livro de Betto sobre
sua experiência no governo já ficara sabendo que ele escreveu outras
lápides ainda mais duras.
crossi@uol.com.br
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