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CARLOS HEITOR CONY
Renan está sangrando
RIO DE JANEIRO - Não se trata
de um juízo pessoal e definitivo sobre o caso do presidente do Senado.
Ele deu explicações abundantes,
seus pares aceitaram suas provas e
tudo parecia indicar um desfecho
honroso que livraria a barra e a cara
do parlamentar alagoano.
As comissões do Senado, mesmo
quando se trata de uma CPI (não foi
esse o caso, pelo menos até agora),
não têm poder de polícia nem de
Justiça. O mais que podem fazer é
encaminhar a questão para instância específica.
Por sua comissão de ética, o Senado examinou a documentação apresentada, mas, sem dispor de meios
operacionais e pessoal técnico para
apurar a autenticidade dos recibos,
faturas e demais provas, aceitou-a
como verdadeira. A mídia também
não tem poder de polícia nem de
Justiça, mas tem o poder e a necessidade de investigar. E a investigação desmentiu a principal fonte de
receita apresentada pelo senador.
Não é, ainda, a prova definitiva da
improbidade de Renan. Mas a situação em que se encontra -sentado na cadeira de presidente do Senado- não é confortável. Ele está
sangrando -e sangrará por muito
tempo ainda. Num caso desses,
uma licença do cargo deixaria bem
não apenas o senador em causa mas
o Senado como um todo.
É uma questão de foro íntimo. Os
comerciantes de carne bovina que
negaram negócios com o criador de
gado Renan Calheiros poderão ser
trabalhados política e financeiramente, e podem aparecer novos documentos dando razão ao senador.
Mas o estrago em sua imagem poderá ficar para sempre.
Para a opinião pública, na melhor
das hipóteses, o senador tem uma
vida contábil atrapalhada, vende
bois superfaturados, acima do preço vigente no mercado. E precisa
provar que vendeu realmente bois
para garantir o leite do filho de uma
gestante.
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