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O triângulo dos presidentes
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Itamar Franco chega amanhã ao Brasil e vai discutir com José
Sarney quem deve disputar a Presidência da República pelo PMDB.
Itamar continua sem partido e parece menos candidato do que há um
mês. Sarney, ao contrário, está mais
candidato a cada dia.
"Se o PMDB decidir concorrer com
nome próprio, o meu certamente será
considerado", diz ele, claramente.
Sarney saiu do Planalto, em 90, com
um plano econômico em frangalhos,
80% de inflação ao mês, o maior rol de
ministros da história e o estigma do "é
dando que se recebe". Foi incapaz de
eleger o sucessor.
Mas o povão gosta dele, como mostra a última pesquisa Datafolha nas
classes "C" e "D".
Tanto que mantém uma popularidade superior à de Itamar, que desceu
a rampa mais recentemente, em 95, e
se autoproclama pai do Real e principal eleitor de Fernando Henrique.
Numa campanha, o contraponto seria interessante. FHC, o candidato da
elite, o intelectual refinado, o pai do
Real (o plano dos ricos). Sarney, a opção das massas, o nordestino simples,
o pai do Cruzado (o plano dos pobres).
Ambos sonham em repetir os tempos
alegres e desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek. Fernando Henrique abriu os braços do país ao capital
estrangeiro. No governo Sarney o crescimento médio foi de 5% e o índice de
8,7%, em 86, é recorde até hoje.
O presidente do PMDB, Paes de Andrade, é o principal arauto da candidatura própria, mas migrou de Itamar
para Sarney. É ele o meio do campo
entre os dois e está reunindo as esquerdas no seu gabinete na tentativa
de uma chapa única de centro-esquerda. Bobagem. O PT jamais toparia.
Fernando Henrique tenta contra-atacar chamando às falas os ministros
e líderes do partido. Eis a perguntinha
que ele lhes reservou, numa conversa
de ontem à noite, no Planalto: afinal,
vocês são ou não governo?
Provocação de Paes de Andrade: ele
chama a articulação do parlamentarismo de "Projeto Serjão 20 anos", como opção ao já lançado "PFL 2000".
Luís Eduardo que se cuide!
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