São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Digitais SÃO PAULO - Você certamente já
viu pelo menos uma dezena de filmes estrangeiros em que o delinqüente toma todos os cuidados para
não deixar a impressão digital na
cena do crime.
Já viu também a facilidade notável de comparar digitais em aparelhos eletrônicos, que deve ser equipamento básico de qualquer polícia
de subúrbio, para não falar de cidades grandes.
Se viu, se é paulista e se está pensando em cometer um crime no
Ceará, digamos, não precisa se
preocupar com as luvas ou com
qualquer outro meio para não deixar digitais. Não há um banco nacional de impressões digitais.
Pior ainda: só agora o Estado de
São Paulo, o mais rico do país e teoricamente o mais desenvolvido, está digitalizando as impressões digitais de seu próprio arquivo, ainda
manual (já imaginou a dificuldade
para comparar digitais nessas circunstâncias, que já podem ser consideradas pré-históricas?).
E ainda há quem fale em inteligência como a grande arma para o
combate ao crime organizado. Até
é, mas que diabo de inteligência pode haver em um aparelho policial
movido a manivela em plena era da
velocidade digital?
Chega a ser grotesco o anúncio do
uso de satélite para supostamente
identificar células do PCC quando
não existem instrumentos muito
mais básicos, quase primários, como é o banco de dados eletrônico de
impressões digitais e, concomitantemente, um arquivo nacional, obviamente eletrônico.
O pior é que as autoridades -estaduais e federais- não demonstram a menor pressa em tirar a polícia do fogão a lenha que usa, mesmo
depois de tudo o que acontece no
Rio e em São Paulo há um tempão e
que agora chegou a um ponto que
supera a insolência.
Vai ver que é essa carência básica
que estimula os políticos a deixar
suas digitais nas cenas de seus crimes, não é?
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