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CARLOS HEITOR CONY
O voto obrigatório
RIO DE JANEIRO - Recente pesquisa divulgada na semana que acaba revelou que grande parcela do
eleitorado nacional é contra o voto
obrigatório. Não se trata, ainda, de
maioria, mas de simples tendência
que está indicando a conveniência
de uma discussão formal sobre o assunto.
Uma sociedade é livre na medida
em que são mínimas as exigências
obrigatórias: os códigos civil, penal,
de trânsito e outros de igual necessidade são suficientes para manter
direitos e deveres das comunidades
e dos cidadãos.
O voto obrigatório é a causa principal que cria os currais eleitorais,
os votos de cabresto. Por um motivo qualquer, o cidadão não tem interesse na vida pública, por falta de
educação ou por excesso dela. Obrigado a votar, para não sofrer sanções que não chegam a ser punitivas
mas apenas incômodas, cumprem o
chamado dever cívico com má vontade, votando em qualquer um, ou
em candidatos extravagantes que
nem chegam a ser candidatos, como no caso do bode Cheiroso.
Grandes massas de eleitores, sobretudo nas cidades pequenas, são
facilmente manobradas por coronéis e donos de redutos que formam os grotões - tradicional fonte
de votos para políticos fisiológicos
que tentam a vida pública para a
realização de uma carreira pessoal
problemática.
Até mesmo no caso da eleição para presidente da República, quando
o eleitorado recebe maiores esclarecimentos e está em jogo uma esperança, os indecisos e nauseados
são cada vez em maior número,
criando a realidade da "boca de urna", o voto de última hora, apenas
para cumprir o dispositivo do voto
obrigatório.
Nem vale a pena citar os países de
tradição democrática em que votar
ou não votar é um direito do cidadão livre. Sob regimes ditatoriais, a
presença dos eleitores nas urnas
chega a 99%.
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