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ELIANE CANTANHÊDE
Reta final
BRASÍLIA - A esperança, inclusive
a dos tucanos, é a última que morre.
Mas Serra chega em franca desvantagem ao horário eleitoral gratuito
no rádio e na TV, que começa hoje,
e ao debate Folha-UOL com os presidenciáveis, amanhã. Dilma tem 8
pontos à frente, segundo o Datafolha, atingiu condições de ganhar
no primeiro turno, segundo o Ibope, e tem o grande trunfo dos programas políticos: Lula.
Ou seja: Dilma chega ao horário
gratuito em ascensão, e a tendência
é que aprofunde a vantagem, e não
que Serra reverta o quadro. Ela tem
Lula, Serra não tem nada desse calibre para enfrentá-lo. Aliás, muito
menos se quiserem trocar a forte
marca "Serra" por "Zé". Quem é
"Zé"? Um "Zé ninguém".
Serra teve boas oportunidades
de consolidar suas vantagens comparativas na fase política da campanha (a de construção de apoios,
palanques e discurso), mas jogou
pela janela, enquanto Dilma colou
a imagem na de Lula, capitalizou o
bom momento do país e foi transformando defeitos em qualidades.
O resultado é que Serra entra na
reta final sem ter para onde correr, e
Dilma não apenas mantém a distância avassaladora no Nordeste
como está avançando nas capitais e
em todos os redutos naturais do adversário -inclusive no Sudeste e
até em São Paulo. Virou "onda".
A esta altura, a oposição luta não
para ganhar, mas para garantir segundo turno. Se depender só dos
programas, é improvável. Mas há
outros fatores em jogo, e um deles,
como lembra Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, é a exigência de
dois documentos para votar -o título de eleitor mais um outro com
foto. Isso pode gerar alguma quebra de voto para Dilma no Nordeste
e entre a população de baixa renda.
Se ela disparar, é bobagem. Mas, se
a margem para vencer no primeiro
turno for estreita, qualquer tremelique pode fazer diferença.
O PT torce para a campanha de
Serra se agarrar a detalhes assim.
Significa que está por um fio.
elianec@uol.com.br
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