|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Nomes de guerra
RIO DE JANEIRO - Esta coluna,
na segunda-feira, exumou uma
quantidade de nomes exóticos com
que alguns brasileiros se assinavam
a sério, com registro em cartório,
nos anos 60. Um deles, Um Dois
Três de Oliveira Quatro, ficou tão
famoso que lhe ser apresentado seria como apertar a mão do curupira
ou do saci-pererê. Mas não se sabe
de quem tivesse tido a honra
Mais fácil é conviver com os nomes que hoje infestam os nossos times de futebol: Joilson, Joelson,
Jadilson, Kleberson, Vanderson,
Ibson, Athirson, Edilson, Denilson,
Lenilson, Ademilson, Valdson,
Fredson, Liedson, Tailson, Revson,
Glelberson e, naturalmente, Richarlyson. Para não falar em Réver,
Mairon, Kerlon, Weldon, Cleilton,
Rogélio, Thiego, Maicon, Maicossuel e Leyrielton.
Quando me lembro de que passei
a vida na ilegalidade por me chamar Ruy -e não Rui, como rezava a
reforma ortográfica que, antes de
eu nascer, banira da língua portuguesa os yy, ww e kk-, penso em
como os doutos do vernáculo legislam no vazio. Pois, pelo menos para
isto servirá a nova reforma: para
restabelecer os kk, ww e yy. Afinal,
já passou a valer tudo mesmo, em
matéria de língua.
Os políticos, aliás, são partidários
do "laissez faire". Eis como se apresentam alguns candidatos a vereador no Rio: Anderson Anti-Multas,
Antonio Vieira É Amigo, Barriga de
Açougue, Carlinhos O Seu Querido,
Cícero do Jegue, Dr. Edson da
Creatinina, Edvaldo Popular Baixinho, João Pangaré, Jorge Baixa
Renda, Lugon O Bom Malandro,
Maria Chupetinha, Pantera Vai Q.
Vem, Rodrigo Pai dos Quadrigêmeos, Wilson Xodó da Vovó.
Você dirá que são apenas nomes
de guerra. Sim, e de vereadores.
Mas nada impede que logo se tornem deputados, senadores, ministros e, do jeito que a banda toca,
coisa até mais alta.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Comportamento de manada Próximo Texto: Antonio Delfim Netto: A ação do Fed Índice
|