São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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RUY CASTRO

Nomes de guerra

RIO DE JANEIRO - Esta coluna, na segunda-feira, exumou uma quantidade de nomes exóticos com que alguns brasileiros se assinavam a sério, com registro em cartório, nos anos 60. Um deles, Um Dois Três de Oliveira Quatro, ficou tão famoso que lhe ser apresentado seria como apertar a mão do curupira ou do saci-pererê. Mas não se sabe de quem tivesse tido a honra
Mais fácil é conviver com os nomes que hoje infestam os nossos times de futebol: Joilson, Joelson, Jadilson, Kleberson, Vanderson, Ibson, Athirson, Edilson, Denilson, Lenilson, Ademilson, Valdson, Fredson, Liedson, Tailson, Revson, Glelberson e, naturalmente, Richarlyson. Para não falar em Réver, Mairon, Kerlon, Weldon, Cleilton, Rogélio, Thiego, Maicon, Maicossuel e Leyrielton.
Quando me lembro de que passei a vida na ilegalidade por me chamar Ruy -e não Rui, como rezava a reforma ortográfica que, antes de eu nascer, banira da língua portuguesa os yy, ww e kk-, penso em como os doutos do vernáculo legislam no vazio. Pois, pelo menos para isto servirá a nova reforma: para restabelecer os kk, ww e yy. Afinal, já passou a valer tudo mesmo, em matéria de língua.
Os políticos, aliás, são partidários do "laissez faire". Eis como se apresentam alguns candidatos a vereador no Rio: Anderson Anti-Multas, Antonio Vieira É Amigo, Barriga de Açougue, Carlinhos O Seu Querido, Cícero do Jegue, Dr. Edson da Creatinina, Edvaldo Popular Baixinho, João Pangaré, Jorge Baixa Renda, Lugon O Bom Malandro, Maria Chupetinha, Pantera Vai Q. Vem, Rodrigo Pai dos Quadrigêmeos, Wilson Xodó da Vovó.
Você dirá que são apenas nomes de guerra. Sim, e de vereadores. Mas nada impede que logo se tornem deputados, senadores, ministros e, do jeito que a banda toca, coisa até mais alta.


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