São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2011

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MARTA SUPLICY

A nova política

A mais recente parceria entre a presidenta Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin, agora envolvendo R$ 3 bilhões para infraestrutura, suscitou grandes especulações. O que estão engendrando? Quais são as reais intenções? Às vezes fica difícil entender o que é simples.
Com décadas de atraso, nem por isso menos bem-vindos, sairão do papel o trecho norte do Rodoanel de São Paulo, que desafogará o trânsito na capital; as obras da hidrovia Tietê-Paraná, sonho dos últimos governadores por um transporte mais barato, seguro e menos poluente; e o estaleiro Rio Tietê, que com suas barcaças transportarão três vezes mais do que hoje.
Antes, no lançamento do Brasil sem Miséria no Sudeste, Dilma e Alckmin unificaram os programas sociais de seus governos. E a próxima parceria será para a construção do Ferroanel, uma solução para o conflito entre trens de carga e de passageiros em São Paulo, orçada em mais de R$ 1 bilhão.
Sou entusiasta desses investimentos. Torço para que mais cooperações aconteçam.
Afinal, Alckmin e Dilma perceberam que, com essa interação, lucram todos: o povo, o Estado e a imagem pública de ambos. A presidenta disse, enfática: "Os acordos são resultado da maturidade institucional, política e democrática do país". Gostei do tom, e quisera fosse realidade absoluta.
Fosse assim, Dilma não teria chamado a atenção, com gentileza e classe, do prefeito Gilberto Kassab para a abertura de convênios para novas creches, ou ainda para a urgente necessidade de deslanchar na cidade de São Paulo o Minha Casa, Minha Vida.
Com um olho no calendário eleitoral, outro no tempo de governança, a política já nos deu tristes mostras de retrocesso. A desconstrução de projetos tem gerado prejuízos incalculáveis.
Estamos atrasados em projetos já muito debatidos, como a implantação do bilhete único metropolitano, uma nova e mais eficiente gestão do lixo (coleta seletiva), o combate às enchentes, a implantação de programas de habitação e regularização fundiária, a infraestrutura aeroportuária etc.
As metrópoles carecem de ações planejadas e integradas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável; às oportunidades de trabalho; à infraestrutura urbana e melhores condições de moradia; ao transporte e à mobilidade; à oferta de serviços de qualidade nas áreas da saúde, educação e inclusão social.
Para que esses projetos se tornem uma realidade, é preciso ampliar a capacidade de articulação política entre municípios, Estados e União e fortalecer os espaços de participação da sociedade civil.
Os acordos firmados entre Dilma e Alckmin dão alento ao debate de que não podemos pensar o país do século 21 com a cabeça do passado.

MARTA SUPLICY escreve aos sábados nesta coluna.


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