São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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MENOS COMPETITIVO

O Brasil ficou menos competitivo, de acordo com o "Relatório Global de Competitividade", do Fórum Econômico Mundial. O país caiu no ranking global de competitividade da 54ª posição, em 2002, para a 57ª, em 2003. Essa queda parece indicar que, a despeito de uma melhora em alguns indicadores, tais como a queda na taxa de juro básica, superávit na balança comercial e redução do risco-país, a economia brasileira ainda não conseguiu avançar na sustentabilidade do crescimento.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Fundação Dom Cabral também apresentaram dados sobre competitividade de 1997 a 2001, seguindo outros critérios metodológicos. Aqui também houve piora, passando o Brasil da 37ª para a 39ª posição ao longo do período. As causas foram as baixas taxas de introdução de progresso técnico, o crédito restrito e caro, a onerosa carga tributária, além das carências de infra-estrutura física (portos, estradas, energia) e empresarial (telecomunicações, computadores etc.).
Os dois estudos demonstram que muitas decisões ainda precisam ser tomadas com vistas a assegurar melhor ambiente para o crescimento sustentado e a ganhos de competitividade dos produtos brasileiros que disputam mercado no exterior.
Isso se torna ainda mais relevante quando se constata que a rentabilidade das exportações brasileiras caiu nos últimos meses, segundo informações da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Essa queda está associada à valorização do real, mas também foi provocada pela elevação de custos. De janeiro de 2003 a agosto deste ano, o índice de rentabilidade das exportações caiu 11,3%, o que não impediu que o volume exportado pelo Brasil aumentasse 60,8%, puxado pelo aquecimento da demanda global.
O menor rendimento não deve provocar problemas para a balança comercial, pelo menos no curto prazo, dado o dinamismo da economia e do comércio global. Por um lado, as exportações tornaram-se estratégicas para as empresas. Por outro lado, a valorização do real diminui os custos dos componentes importados, o que pode auxiliar o balanço das empresas. Além disso, a valorização do euro em relação ao dólar ajuda a aumentar a competitividade do produto brasileiro no mercado europeu.
De todo modo, para as exportações brasileiras crescerem a um ritmo mais forte, podem surgir pressões para que a taxa de câmbio não se mantenha tão desvalorizada. Por ora, no entanto, os resultados continuam animadores -e não é improvável que os dados de competitividade deste ano venham a se mostrar melhores. Entre janeiro de 2003 e junho de 2004, as exportações subiram 29,8% em comparação com os 18 meses anteriores, pouco acima da média das economias em desenvolvimento, de 28,1%.
Um outro aspecto a ser ressaltado é que, nas atuais circunstâncias, com a cotação do dólar e o risco-país mantendo-se relativamente baixos, abrem-se perspectivas para que o Tesouro compre dólares e eleve as reservas internacionais. Dessa forma, as autoridades podem monitorar o nível da taxa de câmbio e reforçar a proteção contra eventuais oscilações financeiras internacionais, dando um passo importante para consolidar a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.


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