|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estado das despesas
EMBORA A União seja cobrada
pelo fato de o Brasil ostentar a carga tributária mais
alta dos países emergentes, a volúpia arrecadatória dos Estados
não é menos vigorosa.
De cada R$ 100 de impostos
coletados pelo setor público no
ano passado, os cofres estaduais
recolheram R$ 26,34. De 2003 a
2006, a carga tributária federal
cresceu 7,6%. Nos Estados, o índice foi semelhante (7,4%). Os
governadores, contudo, elevaram os gastos com pessoal um
pouco mais do que o governo federal: 50%, contra 46,5%.
As diferentes instâncias de governo aproveitam o bom desempenho da atividade econômica
para inflar a carga tributária e a
máquina administrativa. Reportagem de Gustavo Patu, desta
Folha, mostrou que em 17 Estados e no Distrito Federal, a arrecadação cresceu, a partir de
2003, a taxas superiores à do governo federal. Somente em quatro Estados, justamente os mais
fortes economicamente, os gastos com pessoal registraram aumento inferior ao da União.
Os Estados mais pobres obtiveram as taxas de crescimento
mais altas tanto na arrecadação
como nos gastos com pessoal.
No Amapá, por exemplo, a receita tributária aumentou 159%; as
despesas com servidores,
168,6%. A despeito das disparidades regionais, a tendência ao
aumento da carga e das despesas
com o funcionalismo é generalizada. Esse desempenho é lamentável, para dizer o mínimo.
O setor público como um todo
esteriliza na burocracia recursos
que poderiam tornar-se novos
investimentos em saúde, educação, habitação, saneamento, segurança, estradas. Máquinas gigantescas e lentas poderiam tornar-se bem mais enxutas e eficientes com a adoção de medidas
simples, inspiradas na gestão
empresarial -como a fixação de
indicadores que balizam remunerações diferenciadas.
O exemplo, contudo, teria de
vir de cima. Da União.
Texto Anterior: Editoriais: Diplomacia e ditadura Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: O Brasil em fogo brando Índice
|