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A VOLTA DE QUÉRCIA
Pesquisa Datafolha publicada
ontem, acerca das intenções de
voto para o governo do Estado de São
Paulo, trouxe um resultado surpreendente: o ex-governador Orestes
Quércia, do PMDB, desponta como
favorito em todos os cenários -embora em um deles apareça empatado, na margem de erro, com Fernando Henrique Cardoso.
Quércia foi praticamente banido da
vida política pelo eleitorado desde
que deixou o governo e ajudou a eleger seu "afilhado" Luiz Antonio
Fleury Filho para sucedê-lo, em 1990.
Fleury fez uma gestão sofrível, para
dizer o mínimo, e isso provavelmente contribuiu para o ostracismo do
peemedebista, que também se viu às
voltas com processos e acusações de
enriquecimento suspeito.
Embora fracassado em novas tentativas eleitorais, Quércia manteve o
controle da máquina do PMDB paulista, o que lhe tem assegurado presença nos programas de rádio e TV
do partido. Essa exposição midiática, num cenário de concorrentes ainda indefinidos ou atingidos pelos
efeitos da crise política -caso da ex-prefeita Marta Suplicy e do senador
Aloizio Mercadante, do PT-, pode
ser uma explicação plausível para o
êxito do ex-governador na pesquisa.
Outra hipótese é a de um "voto" de
protesto. Insatisfeito com o desempenho do PT e do PSDB, o eleitor estaria emitindo um sinal de alerta. É
possível supor também que Quércia,
de alguma forma, tenha atraído preferências do tradicional eleitorado
malufista, que está sem candidato.
É sempre bom lembrar que a pesquisa é um retrato preliminar de uma
corrida eleitoral que ainda não ganhou ímpeto e não faz parte das
preocupações imediatas do eleitor.
Se as chances reais de Quércia não
podem ser menosprezadas, é preciso
avaliá-las à luz desse contexto.
Do ponto de vista político, a pesquisa fortalece o ex-governador nas
sempre confusas negociações eleitorais desse condomínio fisiológico de
tendências em que se transformou o
PMDB. E deixa no ar a perspectiva de
escolhas inesperadas por parte do
eleitor nos pleitos de 2006.
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