São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 2005

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A VOLTA DE QUÉRCIA

Pesquisa Datafolha publicada ontem, acerca das intenções de voto para o governo do Estado de São Paulo, trouxe um resultado surpreendente: o ex-governador Orestes Quércia, do PMDB, desponta como favorito em todos os cenários -embora em um deles apareça empatado, na margem de erro, com Fernando Henrique Cardoso.
Quércia foi praticamente banido da vida política pelo eleitorado desde que deixou o governo e ajudou a eleger seu "afilhado" Luiz Antonio Fleury Filho para sucedê-lo, em 1990. Fleury fez uma gestão sofrível, para dizer o mínimo, e isso provavelmente contribuiu para o ostracismo do peemedebista, que também se viu às voltas com processos e acusações de enriquecimento suspeito.
Embora fracassado em novas tentativas eleitorais, Quércia manteve o controle da máquina do PMDB paulista, o que lhe tem assegurado presença nos programas de rádio e TV do partido. Essa exposição midiática, num cenário de concorrentes ainda indefinidos ou atingidos pelos efeitos da crise política -caso da ex-prefeita Marta Suplicy e do senador Aloizio Mercadante, do PT-, pode ser uma explicação plausível para o êxito do ex-governador na pesquisa.
Outra hipótese é a de um "voto" de protesto. Insatisfeito com o desempenho do PT e do PSDB, o eleitor estaria emitindo um sinal de alerta. É possível supor também que Quércia, de alguma forma, tenha atraído preferências do tradicional eleitorado malufista, que está sem candidato.
É sempre bom lembrar que a pesquisa é um retrato preliminar de uma corrida eleitoral que ainda não ganhou ímpeto e não faz parte das preocupações imediatas do eleitor. Se as chances reais de Quércia não podem ser menosprezadas, é preciso avaliá-las à luz desse contexto.
Do ponto de vista político, a pesquisa fortalece o ex-governador nas sempre confusas negociações eleitorais desse condomínio fisiológico de tendências em que se transformou o PMDB. E deixa no ar a perspectiva de escolhas inesperadas por parte do eleitor nos pleitos de 2006.


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