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URIBE X CHÁVEZ
Na crise diplomática entre a
Colômbia e a Venezuela, é difícil não dar razão ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. É evidente
que a Colômbia extrapolou o direito
internacional bem como as regras da
boa vizinhança ao pagar para que
um membro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia),
que se encontrava em território venezuelano, fosse seqüestrado e entregue como prisioneiro do outro lado
da fronteira.
Nesse episódio, o governo do presidente Álvaro Uribe adotou o pior
estilo da chamada Doutrina Bush,
que prevê ações preventivas unilaterais com vistas a combater o terror.
Para agravar um pouco mais o quadro, o detido, Rodrigo Granda, era
apenas um porta-voz das Farc. Existem membros da organização de estatuto hierárquico semelhante
atuando em diversos países da América Latina, inclusive o Brasil. Isso de
modo nenhum deve servir de pretexto para que o governo colombiano se
sinta no direito de invadir países amigos ou subornar autoridades estrangeiras para que lhes entreguem pessoas procuradas pela Justiça local.
Em favor de Uribe, há que se reconhecer que o presidente Chávez
mantém uma atitude ambígua em
relação às Farc, preferindo abrigar e
acobertar criminosos a combatê-los.
Fá-lo para opor-se aos EUA, que fornecem farta ajuda monetária e militar para que a Colômbia combata as
Farc e os traficantes que financiam o
grupo -a essa altura voltado apenas
para o banditismo e o terror. Combater o terrorismo exige ações não apenas diplomáticas mas também nas
frentes militar e de inteligência. Isso
não basta contudo para justificar a
ingerência da Colômbia.
Lamentavelmente, a disputa surge
quando as complicadas relações Bogotá-Caracas (a Colômbia apoiou a
tentativa de golpe contra Chávez)
passavam por um período de distensão. A ação de Uribe infelizmente
pôs a perder esse bom momento e
ajudou a criar um novo e desnecessário foco de atrito no continente.
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