São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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PAINEL DO LEITOR

Inglês
"A decisão do Ministério das Relações Exteriores de excluir o inglês do rol das matérias eliminatórias para o ingresso no Instituto Rio Branco revela um sentimento, no mínimo, anacrônico: revolta contra o colonizador. Vem, pelo menos, com uns três séculos de atraso. E pior: é completamente ineficaz. Hoje, não será com tais birras, esquírolas, que o Brasil se tornará independente e descolonizado. Nem será com atitudes infantilóides que apagaremos toda a nossa história de exploração, de segregação racial, de concentração de renda e de diferenças sociais."
César Augusto Alckmin Jacob (São Paulo, SP)

Vida útil
"Na última frase de seu comentário ("Painel do Leitor", 16/1), o senhor Ivan Marsiglia, assessor da Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, brinda-nos com a informação de que "(...) os US$ 56,7 milhões gastos com um avião que terá vida útil de 30 anos" -o valor representa 12,8% do que foi investido em saneamento. Pergunto ao prestativo assessor qual é a "vida útil" das crianças que não terão acesso a água tratada e esgoto, já que o dinheiro que poderia ter sido investido em saneamento básico foi direcionado para a compra do brinquedinho do nosso magano presidente?"
Carlos Alberto Boaventura Costa (Belo Horizonte, MG)

Terra e ar
"Uma das vantagens do novo avião da Presidência é a possibilidade de Lula comandar o país do ar, como informou a Folha neste domingo ("Governo usa terrorismo para justificar avião", Brasil). Ora, se o presidente não consegue comandar o país da terra mesmo, sentado em sua cadeira em Brasília, por que esperar que ele possa fazê-lo do ar?"
Antonio José Queiroga (Rio de Janeiro, RJ)

Entrevista
"Nem o passar dos dias consegue reluzir a minha profunda contrariedade, que beira a indignação, com o tratamento editorial dado à entrevista concedida à repórter Fernanda Krakovics e publicada no dia 11/1 ("Líder vê erro de comunicação com Senado e critica Planalto", Brasil, pág. A5). Foi quase uma hora de entrevista, em que fiz o balanço do exercício da liderança do PT e do bloco de apoio ao governo. O enfoque foi amplo na entrevista, abordando desde o produtivo processo legislativo no Senado -apesar das polêmicas do primeiro semestre de 2004 e do período eleitoral. Relatei à repórter as dificuldades de coordenar uma bancada com tantas estrelas e de dividir tarefas com uma personalidade tão marcante como a do líder do governo, o senador Aloizio Mercadante. Relatei o duro enfrentamento perante o preconceito presente no Senado, onde a hierarquia, a história política e a diferença entre os Estados tiveram e têm grande peso para minha atuação como uma líder e mulher recém-chegada à cena nacional. Portanto reduzir a avaliação que fiz sobre a atuação como líder do PT tão-somente à dificuldade de comunicação, em alguns momentos, com o Poder Executivo, é inadmissível. Considero que transformar algo real, mas secundário, diante de tantos imensos obstáculos que enfrentamos ao longo de 2004 relatados na entrevista é um desserviço jornalístico e um desrespeito com a minha pessoa e com a realidade dos fatos."
Ideli Salvatti, senadora por Santa Catarina, líder do PT e do bloco de apoio ao governo (Brasília, DF)

Violência
"A violência acontece por fatores sistêmicos e por influência ("Abu Ghraib foi só o começo", diz psicólogo", Entrevista da 2ª, 17/1). No Brasil, o Estado continua premiando torturadores. Nada mais oportuno para reverter esse quadro violador da dignidade do homem do que a prisão dos funcionários torturadores da Febem-SP. A Comissão Justiça e Paz de São Paulo crê que seja também na impunidade que a violência deite raízes e aplaudirá todo o esforço erradicador da violência e da injustiça entre nós."
Antonio Carlos Malheiros, presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, e Antonio Carlos Ribeiro Fester, secretário-geral da CJP-SP (São Paulo, SP)

Crime e castigo
"Todos os dias somos brindados com ótimos artigos, comentários, entrevistas, enfim, com tudo aquilo que esperamos da Folha. Ontem, porém, o artigo "Crime e castigo", de Moacyr Scliar (Cotidiano, pág. C2) foi por demais excelente. Eu e minha mulher (ambos pós-doutores) ficamos inertes diante de tanta realidade descrita pelo articulista. Fato é que, se nossa titulação for criminosa, o castigo nos espera. Parabéns, Scliar. Parabéns, Folha."
Nelson Hein (Blumenau, SC)

Publicidade
"Em relação ao editorial "Publicidade custosa" (Opinião, 4/1), gostaria de, em nome da Abap -Associação Brasileira de Agências de Publicidade-, fazer algumas correções. Inicialmente cumpre lembrar que uma das principais razões pelas quais se investe mais em publicidade do que em outros formatos é exatamente a eficiência, que é medida pelo custo para atingir cada grupo de mil pessoas. Nenhuma forma de comunicação tem um "CPM" melhor do que a publicidade. Quanto às estatais, na sua competição com empresas privadas por participação no mercado, utilizam-se legitimamente da publicidade -muitas vezes com recursos menores do que seus concorrentes. E, se é verdade que algumas vezes se pode detectar nessa publicidade o objetivo de enaltecer o poder federal, melhor serviço seria denunciar tais casos. Sou testemunha de que a Folha, com seu histórico, sua reputação e seu compromisso com o país e com os fatos, nunca foi de valer-se do recurso menor de lançar suspeitas de forma generalizada. Assim, não identifico com este jornal o parágrafo que deságua numa vaga acusação de promiscuidade entre agências e governo. Em relação aos tributos, são duas as questões. Na primeira, estávamos expostos à interpretação equivocada de que a receita das agências fosse confundida com o faturamento, o que impediria a existência de agências de publicidade no Brasil. Contra essa interpretação, a Abap impetrou mandado de segurança e ganhou a causa na Justiça. Em seguida, sob coordenação do Cenp -Conselho Executivo das Normas Padrão-, o assunto foi esclarecido no texto da lei. A segunda questão trata não da redução, mas do aumento pesado e injusto da carga tributária (PIS e Cofins) com o qual as agências têm sido punidas desde fevereiro de 2004. Na defesa do direito de recolher as mesmas alíquotas dos fornecedores de serviços e dos meios de comunicação, a Abap tem lutado com todos os recursos éticos e legais dos quais pode dispor. Desde que assumiu a Secom, o ministro Luiz Gushiken fez questão de conhecer em profundidade o mercado publicitário brasileiro, as relações entre os sócios da indústria, as particularidades de nosso mercado quando comparado aos de outros países, a composição dos custos, os formatos de remuneração e, principalmente, a influência da publicidade na cultura e sua importância como motor do desenvolvimento do país. Nessas entrevistas, a Abap e o Cenp pediram o apoio do ministro Luiz Gushiken para chegarmos ao Ministério da Fazenda e à Receita Federal, onde continuamos tentando reverter esse aumento da carga tributária das agências."
Dalton Pastore, presidente nacional da Abap -Associação Brasileira de Agências de Publicidade (São Paulo, SP)


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