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ANTONIO DELFIM NETTO
Há razão para esperança
É cada vez mais evidente que o caminho mais curto e mais eficiente
para o Brasil escapar da armadilha
construída pela vulnerabilidade externa e interna é a rápida expansão das
exportações. O ano de 2003 mostrou
isso de forma definitiva. Surpreendendo o próprio governo e todos os "analistas" que no início do ano supunham
uma exportação de US$ 64 bilhões, fechamos o ano com US$ 72,1 bilhões.
Isso apenas mostra que a exportação
de 2004 não está feita nos US$ 80 bilhões estimados pelo governo: ela está
por fazer-se mais e melhor, dependendo do suporte que aquele lhe der em
crédito, logística, eliminação dos entraves burocráticos, efetiva eliminação da carga tributária etc.
O presidente Lula deveria dar ao
ilustre ministro Furlan a missão (e os
meios!) para atingir US$ 85 bilhões
em exportações. Isso não apenas aceleraria o desenvolvimento como aumentaria o emprego, coisa mais difícil
de ser feita por outros meios. Uma regra prática sugere que, a cada US$ 70
mil exportados, um emprego é criado,
o que significaria qualquer coisa como
170 mil empregos. Não se trata de voluntarismo, mas de experimentalismo. Nenhum burocrata achava possível exportar US$ 73 bilhões em 2003.
Por que achariam que podemos exportar US$ 85 bilhões em 2004? Mas
será isso possível? Só saberemos
quando o setor privado, estimulado
por bons lucros, tomar o risco de tentar!
A tabela abaixo mostra a evolução
de dois indicadores críticos da "vulnerabilidade" externa: a relação dívida
externa/exportação e (amortizações +
juros)/exportação.
Em relação ao primeiro indicador,
deveremos estar próximos da normalidade já no fim de 2004. Quanto ao segundo, sua redução se auto-alimentará de sua própria baixa. Deverá ser
complementado pela continuação do
inteligente trabalho do Tesouro de renovação mais longa das dívidas vincendas e pelos "spreads" menores que
sua própria baixa vai induzir.
A relação dívida líquida do setor público/PIB também tem tudo para melhorar em 2004 se rejeitarmos a demagogia que se faz sobre o "superávit primário". Tudo vai na direção certa: o
PIB (até por efeito aritmético) vai crescer, a taxa de câmbio real não deve sofrer grande variação, a porcentagem
da dívida referida a dólar deve cair e a
taxa de juro real cairá necessariamente. Não é excesso de otimismo supor
que, pela primeira vez, a relação crucial DLSP/PIB indique com clareza
que está no caminho de uma redução
monotônica. Isso reduzirá ainda mais
o "spread" e a taxa de juro da dívida
interna e externa, acendendo uma luz
no fim do túnel da dependência construída ao longo dos últimos oito anos.
Mas tudo depende das exportações...como já era evidente em 1998...
Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
dep.delfimnetto@camara.gov.br
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