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KENNETH MAXWELL
Morte no campus
FOI UMA NOTÍCIA lúgubre. Na
sexta-feira, uma reunião de
professores do Departamento
de Biologia da Universidade do
Alabama em Huntsville subitamente se tornou muito sangrenta.
Amy Bishop, uma professora cuja promoção ao posto de titular havia sido recusada, o que na prática
significa que ela não contava com
emprego garantido e que, portanto,
estava em seu ano final de trabalho
na instituição, apanhou uma arma
e supostamente atirou contra seis
de seus colegas, causando a morte
de três deles.
O jornal "The Chronicle of Higher Education", que acompanhou
a situação de perto, reportou nesta
terça-feira um relato em primeira
pessoa do acontecido, por Debra
Moriarty, professora de bioquímica cujo laboratório fica ao lado do
de Bishop.
Os professores estavam havia
quase uma hora concentrados em
assuntos do departamento quando
Bishop sacou a arma e atirou na cabeça de Gopi Podila, o chefe do departamento. Bishop, em seguida,
"seguiu a ordem em que as pessoas
estavam sentadas" e atirou nos
professores Adriel Johnson e Maria Ragland Davis, bem como em
Stephanie Monticcioli, a administradora do departamento. Depois
disparou contra o professor Joseph Leahy, também na cabeça.
Outro professor, Luis Rogelio
Cruz-Vera, recebeu um tiro no
peito.
Bishop apontou a arma contra a
professora Moriarty e apertou o
gatilho por duas vezes, mas sem sucesso. Moriarty conseguiu fechar a
porta e, com a ajuda de outros sobreviventes, encostou uma mesa a
ela para barrá-la. Os professores
Podila, Johnson e Davis morreram.
Stephanie Monticcioli e o professor Leahy continuam internados,
em condição crítica.
Mas a história de Amy Bishop
imediatamente mostrou-se ainda
mais complicada. O jornal "Boston
Globe" reportou no final de semana que Bishop, 44, mãe de três filhos, natural de Braintree, Massachusetts, havia matado o irmão
com um tiro em 1986. O caso foi arquivado na época como acidente.
Ela se formou na Universidade
Northwestern e fez seu doutorado
em genética pela Universidade
Harvard.
O "Boston Globe" também informou que Bishop e seu marido, James Anderson, a quem ela conheceu na Northwestern, estavam envolvidos como suspeitos em um caso federal de 1993 sobre uma carta-bomba enviada a Paul Rosenberg,
então professor assistente de neurologia em Harvard.
Anderson disse ao "Chronicle"
que sua mulher não desejava ter o
destino que teve outro cientista da
universidade, que "perdeu a promoção para professor titular e agora ganha a vida dirigindo um ônibus no aeroporto".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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