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ELIANE CANTANHÊDE
Muy amigos!
BRASÍLIA - Há alguns consensos se desenhando ou se consolidando sobre o governo Lula. A maioria acha que a política econômica é igualzinha à de FHC e que a área social anda devagar, quase parando. Um outro desses consensos é que a política
externa é uma maravilha.
Lula foi corajoso ao ir tanto ao Fórum de Davos quanto ao de Porto
Alegre, foi incisivo ao rechaçar a
guerra do Iraque e equilibrou bem a
visita à Casa Branca com um discurso de autonomia em relação aos
EUA. Mas também ficou registrado
para a história que, no seu dia de estréia no governo, ele reservou a primeira audiência para Hugo Chávez
(que, aliás, lhe deu um chá de cadeira
de uma hora) e o primeiro jantar no
Alvorada para Fidel Castro.
Não isolar e muito menos demonizar Chávez foi correto e justo. E respeitar a antiga amizade com Fidel é
compreensível. Mas não precisava
exagerar. Com o tempo, Chávez e Fidel constrangem um governo que
não pode se confundir com velhos
dogmas e atuais erros da esquerda.
O Brasil se esfalfou para criar o
Grupo de Amigos da Venezuela e, assim, respaldar o governo constitucional de Chávez. E o que ele fez? Desembarcou em Brasília com voz grossa e maus modos, querendo mudar
tudo. Lula percebeu a fria. Desde então, já não se fala tanto de Chávez.
Quanto a Fidel: ídolo de gerações,
particularmente de gerações petistas,
ele merece honras e críticas. As
honras não serão, certamente, por
usar ritos sumários para prender e
mandar fuzilar adversários políticos.
O PT e o PC do B se uniram pró-silêncio, mas o petista Fernando Gabeira
foi ao ponto: a questão não permite
"uma visão nostálgica e romântica".
O Brasil se abstém de votar contra
Cuba em Genebra, limitando-se a
uma declaração em separado contra
as perseguições. É pouco. Se condenou tão explicitamente a guerra de
Bush, o governo do PT deve igualmente à opinião pública nacional e
internacional uma veemente condenação à barbárie em Cuba. Só assim
a política externa poderá merecer
consenso a favor.
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