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OLHAR PARA A FRENTE
A decisão que o Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central tomará hoje, em relação à taxa de juros básica que vigorará nas próximas cinco semanas, será
condicionada, em grande medida,
pela perspectiva que for adotada para
observar a inflação.
Olhando para trás, a inflação ainda
assusta: a alta do IPCA, o índice de
preços que baliza a política de metas
de inflação, acumulada nos 12 meses
findos em maio se situa em 17,2%.
Olhando para a frente, no entanto,
os sinais são mais tranquilizadores.
Muitos analistas buscam identificar a tendência de evolução futura da
inflação por meio da análise do comportamento do chamado "núcleo"
dos índices de preços -isto é, do
conjunto de bens e serviços cujos
preços são menos sujeitos a influências sazonais e à interferência direta
do poder público. Segundo diversas
estimativas, em maio o núcleo dos
índices de preços ao consumidor teve alta um pouco superior a 0,5%. Para junho e julho são esperadas variações ainda mais tranquilizadoras, inferiores a 0,5% ao mês.
Essa avaliação se reflete nas expectativas de inflação, que vêm cedendo
de maneira expressiva. Segundo levantamento do próprio BC, as instituições financeiras e consultorias
agora projetam, em média, alta do
IPCA da ordem de 7,8% nos próximos 12 meses. Para o ano de 2004, a
projeção média é de 7,4%.
Não se vislumbra, portanto, a persistência da inflação na faixa de dois
dígitos. É mais uma razão (ao lado
da taxa de desemprego) para se poder afirmar que é remota a possibilidade de um processo generalizado
de reindexação de preços e salários.
O comportamento da inflação fornece elementos que justificam uma
redução imediata dos juros. Não seria preciso invocar a debilidade da
atividade econômica para justificar
essa opção -embora sejam graves
as consequências da forte retração da
chamada economia real. O passado
obriga o BC a manter cautela, mas a
perspectiva futura de alívio inflacionário e risco de recessão sugerem
que ele deve repensar a dosagem.
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