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ELIANE CANTANHÊDE
Jogo rasteiro?
BRASÍLIA - Têm razão tanto o vice na chapa de Geraldo Alckmin, o
pefelista José Jorge, quanto o presidente do PT, Ricardo Berzoini.
José Jorge, por esquentar o discurso de oposição: "Temos um presidente [Lula] que não trabalha, só
viaja, que bebe muito, como dizem
por aí", berrou do palanque.
Berzoini, por atribuir o tom do
adversário ao "desespero".
A campanha de Alckmin está
uma confusão, com o PSDB tentando manter a imagem de bonzinho e
o PFL partindo para o pau. Resultado: os programas tucanos são mornos, e os do PFL estão fervendo. O
que foi ao ar no feriado de quinta fez
um resumo das notícias da imprensa, da Procuradoria Geral da República, das CPIs e da Polícia Federal
sobre os escândalos.
Diante da curiosidade ou da perplexidade, os pefelistas depois explicaram objetivamente: fatos são
fatos, precisam ser mostrados. E
compararam: "Lembra quando o
PT era da oposição?" É verdade, o
PT na oposição sempre produziu
programas assim, acusando tudo e
todos, e, convenhamos, com menos
material e artilharia do que seus adversários têm hoje.
Já Berzoini tem razão pelo seguinte: segundo o último CNI-Ibope, Lula tem 48% contra 19% de
Alckmin. Ou seja, o recurso à paulada é sacado por causa da gritante diferença entre os dois candidatos.
Por um certo desespero, sim.
Na sexta, em Recife, Lula se defendeu, dizendo que "tem caráter" e
acusando os ataques de "jogo rasteiro". Mas o maior expert nesse tipo de jogo sempre foi o PT. Já imaginou o que faria se fosse de oposição e tivesse todas essas informações e documentos?
Ao bater, o PFL de hoje repete o
PT de ontem. Resta saber o efeito
eleitoral, quem perde e quem ganha
com a estratégia. É arriscada, mas
os pefelistas reagem: "Perdidos por
um, perdidos por mil".
@ - elianec@uol.com.br
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