São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006 |
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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES Guerra ao tabagismo
A INCIDÊNCIA do tabagismo
varia bastante no mundo.
Nos Estados Unidos, o hábito de fumar caiu muito e chegou a
apenas 19% da população. Na Inglaterra, são 27%, e na Alemanha,
34%. Nos países asiáticos é superior a isso. Esses dados referem-se
apenas à proporção da população
que fuma, e não ao quanto fuma.
Dois economistas de Harvard
tentaram explicar essas diferenças
pelo diferencial de preços. Falharam, pois o cigarro é muito mais
barato nos Estados Unidos do que
na União Européia.
Partiram em seguida para a renda. Os pobres deveriam fumar menos por falta de recursos. Também
falharam, pois países de renda baixa apresentam grandes quantidades de cigarros fumados. Enquanto
os fumantes dos Estados Unidos
consomem 1.230 cigarros por ano,
os da China consomem 1.446, os da
Rússia, 2.058, os da Bulgária, 2.693
e os da Grécia, 3.131.
Finalmente, os dois pesquisadores chegaram à conclusão de que a
drástica redução alcançada nos Estados Unidos deveu-se às boas
campanhas educativas, aos programas de comunicação de massa e às
repercussões dos litígios contra os
fabricantes de cigarro, nos quais
são exibidas provas pavorosas dos
estragos provocados pelo fumo
(David Cutler e Edward Glaeser,
"The Economics of Smoking",
"The Economist", 29/4/2006).
No Brasil, deu-se o mesmo, embora haja um longo caminho a percorrer. Graças às várias campanhas, a proporção de fumantes nas
principais capitais caiu de 33% para 17% no período 1989-2004.
Entretanto os adolescentes passaram a fumar mais e são em maior
quantidade. Esse problema aponta
para que se intensifiquem as referidas campanhas, direcionando-as
cada vez mais para esse segmento
da população.
Afinal, cerca de 20 doenças são
causadas pelo fumo, entre elas o
câncer do pulmão, as cardiopatias e
os problemas vasculares. O Brasil
gasta, aproximadamente, US$ 1,5
bilhão anualmente para tratar as
moléstias do tabagismo. Mais importante é a perda de vidas valiosas. Entre nós, morrem cerca de
200 mil pessoas por ano devido a
essas doenças.
Aqui vai um alerta aos pais e aos
professores. Virou moda a formação de rodinhas de alunos nas portas das escolas para fumar cigarros
-para dizer o mínimo.
É exatamente na escola que se
devem intensificar as campanhas
antifumo e antidrogas de modo geral. Essas campanhas precisam focalizar a juventude. Não podemos
esquecer que o cigarro é uma das
drogas de mais fácil dependência e,
por isso, temos de combatê-la a todo custo.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A mídia derrotada Próximo Texto: Frases Índice |
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