São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Editoriais

Mais uma greve

AS PARALISAÇÕES sucessivas de professores decerto não constituem o único fator a perturbar as já deficientes aulas na rede estadual de ensino de São Paulo. A elas devem somar-se um nível absurdo de absenteísmo docente, da ordem de 12,8% (ou quase 30 mil mestres fora de classe a cada dia), e a troca constante de professores. Só em 2008, um contingente de 51 mil dos 130 mil professores efetivos já se transferiu de escola.
Não há plano de ensino que resista a tanta conturbação do cotidiano escolar. Apesar disso, a Apeoesp (sindicato dos professores) não hesita em prejudicar os alunos com uma nova greve, como a declarada na sexta-feira. Nos primeiros dias de paralisação, uma ínfima parcela dos 230 mil mestres da rede aderiu ao movimento paredista.
Os grevistas pretextam mais uma vez defender as condições de trabalho e a qualidade do ensino. Na prática, usam o estorvo impingido aos pais e estudantes como ferramenta de pressão sobre o governo do Estado para alcançar metas corporativistas estreitas. Sempre defenderam o duvidoso direito de continuar faltando, em média, 32 dias por ano. Agora reivindicam a manutenção do privilégio de transferir-se a qualquer tempo.
A greve é reação ao decreto nº 53.037, baixado em 28 de maio pelo governador José Serra (PSDB). Ele institui como condição para transferência ser efetivo do quadro do magistério, algo que o profissional concursado só alcança após três anos de estágio probatório. Vale, portanto, apenas para os profissionais recém-contratados.
Trata-se de providência com provável repercussão benéfica em sala de aula. Os mestres erram em resistir a ela. Apesar disso, a secretária de Educação faz bem em reunir-se com os professores e negociar a melhor forma de implementá-la.


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