São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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Editoriais

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Segurança no pré-sal

Quase três meses após a explosão da plataforma da BP no golfo do México, a empresa britânica conseguiu estancar, de forma provisória, o jorro de petróleo no oceano. Estimativas ainda imprecisas para o total de óleo derramado oscilam entre 350 milhões e 700 milhões de litros.
O desastre derrubou o valor das ações da BP e ajudou a diminuir os índices de aprovação do presidente Barack Obama.
O acidente ocorreu no momento em que o governo brasileiro alimenta a euforia com o pré-sal. O anúncio da contenção do vazamento no golfo do México veio no mesmo dia em que o presidente Lula comemorava o início da extração regular da nova riqueza.
Extrair óleo do pré-sal, a grandes profundidades, é tarefa complexa. É natural que o caso da BP provoque apreensões quanto à segurança do empreendimento brasileiro. O país precisa saber quais são os planos de emergência e as salvaguardas ambientais providenciadas pela Petrobras e pelas instâncias responsáveis.
As respostas a essas dúvidas ainda não são satisfatórias. E o presidente Lula parece considerar inaceitável qualquer questionamento sobre o tema. Nas solenidades de que participou, atacou o jornal "O Globo", que havia destacado em manchete a decisão europeia de evitar exploração em grandes profundidades. "É preciso saber qual país da Europa tem petróleo no fundo do mar", disse. "O pouco que tem no mar Morto está acabando, no mar do Norte está acabando", prosseguiu.
Pode-se entender que o presidente erre feio em geografia e esqueça que Reino Unido e Noruega exploram petróleo no mar. Mas é dever do Estado brasileiro, que ele chefia, exigir e tornar públicos planos para evitar que tragédias ambientais ocorram no pré-sal.


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