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Segurança no pré-sal
Quase três meses após a explosão da plataforma da BP no golfo
do México, a empresa britânica
conseguiu estancar, de forma provisória, o jorro de petróleo no
oceano. Estimativas ainda imprecisas para o total de óleo derramado oscilam entre 350 milhões e
700 milhões de litros.
O desastre derrubou o valor das
ações da BP e ajudou a diminuir os
índices de aprovação do presidente Barack Obama.
O acidente ocorreu no momento em que o governo brasileiro alimenta a euforia com o pré-sal. O
anúncio da contenção do vazamento no golfo do México veio no
mesmo dia em que o presidente
Lula comemorava o início da extração regular da nova riqueza.
Extrair óleo do pré-sal, a grandes profundidades, é tarefa complexa. É natural que o caso da BP
provoque apreensões quanto à segurança do empreendimento brasileiro. O país precisa saber quais
são os planos de emergência e as
salvaguardas ambientais providenciadas pela Petrobras e pelas
instâncias responsáveis.
As respostas a essas dúvidas
ainda não são satisfatórias. E o
presidente Lula parece considerar
inaceitável qualquer questionamento sobre o tema. Nas solenidades de que participou, atacou o
jornal "O Globo", que havia destacado em manchete a decisão europeia de evitar exploração em grandes profundidades. "É preciso saber qual país da Europa tem petróleo no fundo do mar", disse. "O
pouco que tem no mar Morto está
acabando, no mar do Norte está
acabando", prosseguiu.
Pode-se entender que o presidente erre feio em geografia e esqueça que Reino Unido e Noruega
exploram petróleo no mar. Mas é
dever do Estado brasileiro, que ele
chefia, exigir e tornar públicos
planos para evitar que tragédias
ambientais ocorram no pré-sal.
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