São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TENDÊNCIAS/DEBATES Uma proposta pedestre BEATRIZ BRACHER
Com base nas recentes discussões sobre como melhorar o trânsito na cidade de São Paulo, apresento abaixo uma proposta pedestre. Pedestre no sentido de simples, baseada apenas na prática de andar a pé na cidade. Pedestre porque esse é o assunto. 1. No lugar de campanhas afetivas ("trânsito mais gentil") e morais ("respeite o pedestre"), uma campanha simples e legal: Pare antes da faixa para o pedestre atravessar; Não é opcional, é obrigatório: pare e dê passagem ao pedestre; Pare e fique parado até o pedestre chegar ao outro lado da rua; Ao fazer a conversão, pare para o pedestre atravessar a rua. 2. Uma campanha ampla e exaustiva. 3. Faixas de pedestre e iluminação em todos os cruzamentos. 4. Progressão na pontuação por não parar antes da faixa e dar passagem ao pedestre e por não utilizar o pisca-pisca para conversão. 5. Bonificação para quem respeitar as faixas de pedestre sem semáforo durante o primeiro ano dessa campanha. 1. A expressão "dê preferência", diferente da expressão "pare", exige avaliação de circunstâncias objetivas. O motorista deve parar o carro apenas quando houver pedestre. Mas a avaliação tem sido feita em função de circunstâncias subjetivas. Se o motorista vem embalado, ele prefere não parar para o pedestre. Por isso, optaria pela clareza da oração: "Pare Para o Pedestre Passar". 2. Campanha na televisão, no rádio, nos jornais, nas revistas e nas escolas. Crianças são grandes agentes de transformação do comportamento dos pais. Empresas podem participar de formas criativas, lançando, por exemplo, o tênis pedestre paulistano e inventando brindes para o bom motorista. 3. Se não houver exceção para a obrigatoriedade de se respeitar a lei, o hábito se enraizará, o número de atropelamentos será menor e a vida na cidade será melhor. Por isso, é importante pintar faixas de pedestre em absolutamente todos os cruzamentos. É preciso que o motorista reduza a velocidade próximo de cruzamentos e que o pisca-pisca seja sempre utilizado, avisando quem vem atrás que a velocidade será diminuída e que talvez o carro tenha que parar. É lógico e justo que o pedestre não precise ziguezaguear para atravessar uma praça, uma rotatória ou um cruzamento em benefício da velocidade do fluxo de carros. Um trânsito melhor não significa um trânsito mais rápido, e sim mais previsível e que conviva corretamente com o pedestre. 4. Punição progressiva: na primeira infração, o motorista ganha sete pontos, na segunda, dez, e assim por diante. 5. Bonificação: a cada período determinado de tempo (dois meses, por exemplo) sem ter cometido nenhuma infração relativa a faixas de pedestres ou uso do pisca-pisca, seria retirado um ponto da pontuação de multas do motorista. Certamente existirão um sistema mais adequado de bonificações e pessoas que entendam mais do assunto do que eu. Espero que elas possam ajudar a desenvolver a ideia de estímulo positivo para que se fixe o hábito de parar antes da faixa de pedestre. BEATRIZ BRACHER é escritora. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Alfredo Sirkis: O transbordamento verde Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |