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A parada de Dilma
Ministra estaciona no Datafolha, o que favorece invectivas de Ciro Gomes e instiga novo furor de propaganda no Planalto
DENTRO DO que uma rodada de pesquisas feita
14 meses antes do pleito permite especular,
os resultados do Datafolha deste
fim de semana mostram que está
longe de consolidar-se o cenário
em que a sucessão do presidente
Lula se restringiria, desde o primeiro turno, a um choque entre
petistas e tucanos.
No domingo, o instituto mostrou que, pela primeira vez desde
que seu nome foi incluído na
sondagem, em março de 2008, as
intenções de voto na aspirante
inventada por Lula pararam de
crescer. A ministra Dilma Rousseff estacionou em 16% -o que,
vale salientar, não é pouco para
alguém que nunca disputou cargo majoritário. Esse freio na preferência popular pelo nome da
petista dá-se em paralelo a fatos
que ajudam a explicá-lo.
A exposição obstinada em
eventos de apelo midiático e eleitoral, a que Rousseff era submetida pelo Planalto, teve de diminuir em virtude de um tratamento de saúde. A prolongada crise
do Congresso, que engolfa em especial o Senado, ajudou a desviar
a atenção do público de foguetórios, inaugurações e discursos
presidenciais. Persiste, de resto,
a dúvida sobre até que ponto um
governante muito bem avaliado
pela população, como Lula, consegue transferir apoio a uma
candidata sacada do anonimato.
Apesar dessas dificuldades e
incertezas de momento, continua razoável supor que o presidente, cuja popularidade atravessou intacta o pior período da
crise internacional, terá um candidato em condições de vencer
em 2010. Mas não é menos verdade que a parada de Dilma
Rousseff no Datafolha atiça o
apetite de outro presidenciável
governista, Ciro Gomes.
Conhecido pelo estilo trovejante, que às vezes acaba por prejudicá-lo, o ex-governador do
Ceará atua agora com desembaraço. Recolhe os dados de pesquisas como o Datafolha e os estampa para Lula, tentando convencer o presidente de que é arriscado demais fiar-se numa só
candidatura situacionista no ano
que vem. O risco, argumenta o
deputado federal do PSB, é entregar o Palácio do Planalto para
o PSDB ainda no primeiro turno.
Ciro Gomes não precisa de esforço para ser convincente. A
pesquisa publicada ontem, sobre
a disputa pelo governo paulista,
mostra que a apresentação de
seu nome para o eleitor, como
candidato de uma hipotética
aliança com o PT, faz pouca diferença. Não perturba o amplo favoritismo do ex-governador Geraldo Alckmin. Já na simulação
do concurso ao Planalto, a presença do deputado pelo Ceará
debita alguns pontos do líder, o
governador tucano José Serra.
O Datafolha coloca em cifras o
que sempre pareceu uma aventura -a "importação" de Ciro
Gomes para a eleição estadual
em São Paulo- e ainda leva uma
pitada de incerteza ao campo petista, acerca da disputa presidencial. É de esperar nas próximas
semanas, como resposta do Planalto, a retomada da frenética
fanfarra eleitoral em torno da
ministra Dilma Rousseff, sob os
mais variados pretextos.
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