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CLÓVIS ROSSI
A roleta rola de novo
SÃO PAULO - A economia japonesa cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação com o período
imediatamente anterior, o que significa o fim da pior recessão desde a
Segunda Guerra (1939/45). Logo, a
Bolsa japonesa subiu poderosamente, puxando consigo as Bolsas
asiáticas, certo?
Errado, muito errado. Foi exatamente o inverso: a Bolsa japonesa
recuou 3,1%, enquanto a de Xangai,
na China, desabava (caiu perto de
6% -ou, exatamente, 5,8%).
Qual é a explicação para essa aparente contradição? Nenhuma que
realmente se aproveite. Agências de
notícias e os on-line da vida correm
atrás dos suspeitos de sempre, os
chamados analistas de mercado,
que chutam o que lhes vem à cabeça, o que acabará sendo reproduzido sem a menor hesitação nos jornais do dia seguinte.
Parecem oráculos, embora digam, por exemplo, que o problema
são "persistentes desconfianças"
em relação à situação da economia
chinesa, por mais que, nas semanas
anteriores, os tais analistas (de repente os mesmos de agora) babassem na gravata diante do vigor do
crescimento da China.
Se as dúvidas são "persistentes",
como explicar as espetaculares altas nas Bolsas de quase todo o mundo, inclusive China e Japão, nas semanas anteriores?
Lembro que o segundo trimestre
terminou em junho. Estamos na
metade de agosto. Portanto, o Japão já saiu da recessão faz mês e
meio, a China já voltou ao crescimento gordo faz mês e meio. Só
agora desconfia-se da solidez da
economia chinesa e da continuidade da recuperação japonesa?
Amanhã ou depois, as Bolsas
asiáticas subirão de novo, e os "analistas" (de repente os mesmos) arquivarão ao menos por algum tempo as "persistentes desconfianças",
sejam quais forem.
Depois reclamam quando se diz
que os mercados não passam de um
grande cassinão.
crossi@uol.com.br
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