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Oposições no governo
Vitória do PSDB em Minas e SP servirá de contrapeso, mas dificilmente será decisiva para contrastar concentração de poder na esfera federal
Com o quadro inalterado na disputa federal, e com as disputas na
maioria dos Estados prosseguindo sem grandes surpresas, vem de
Minas Gerais o resultado mais significativo da pesquisa Datafolha
dos últimos dias 13 e 14.
O candidato Antonio Anastasia,
do PSDB, superou pela primeira
vez o peemedebista Hélio Costa,
apoiado pelo governo Lula. Passou de 18% das preferências em
julho (contra 44% de seu adversário) para 40% no último levantamento, três pontos percentuais
acima do maior rival.
A confirmar-se essa tendência
(ainda estão na margem de erro os
dados coletados), assim como o
favoritismo de Geraldo Alckmin
na corrida para o Palácio dos Bandeirantes, os dois Estados mais
populosos do país, São Paulo e Minas Gerais, continuarão sob administração do PSDB nos próximos
quatro anos -enquanto no Paraná o quadro persiste indefinido
entre o tucano Beto Richa (45%) e
o pedetista Osmar Dias (40%).
O cenário firmaria, desse modo,
algum tipo de contrapeso político
ao que se delineia como predomínio maciço do PT e seus associados em todo o país, tanto na esfera
executiva quanto na legislativa.
Descartada, por esse e por outros motivos, a hipótese extrema,
levantada por alguns, da "mexicanização" da política brasileira, vários fatores contribuem para reduzir o dinamismo institucional que,
de modo geral, a sobrevivência da
oposição em alguns Estados poderá ainda atenuar.
É inegável que uma vitória
peessedebista em São Paulo e Minas, ao mesmo tempo que tempera as arrogâncias do lulismo, não
deixa de representar continuísmo
no nível regional. Com variações
positivas e negativas, é basicamente o mesmo bloco de poder
que se firma na política paulista
desde 1982. É a aliança tucano-peemedebista que, sem nenhuma
oposição de peso na Assembleia
Legislativa, colhe os dividendos
da bonança econômica (o bom desempenho da economia favorece,
em todos os níveis, o situacionismo) e os resultados de sua atuação no Estado.
Quanto a Minas Gerais, a popularidade do ex-governador Aécio
Neves permite o lançamento de
seu vice, Antonio Anastasia, no
mesmo fenômeno que leva Dilma
Rousseff ao favoritismo na sucessão de Lula, e permitiu que o demista Gilberto Kassab, ligado ao
então governador José Serra, permanecesse como prefeito da cidade de São Paulo.
Com fraca fiscalização parlamentar -tanto devido à popularidade conjuntural dos governantes, quanto pelo fisiologismo e pela diminuição do próprio dever fiscalizador do Congresso e das Assembleias-, o jogo entre oposição
e situação deverá pender ainda
mais a favor do governismo.
No plano federal, a confirmar-se seu triunfo no primeiro turno e
a perspectiva de uma posição majoritária de sua aliança nas duas
casas do Congresso, Dilma Rousseff deverá concentrar inédito
grau de poder na história da jovem
democracia brasileira. O contrapeso estadual poderá ser sentido,
mas dificilmente terá papel decisivo -dadas as próprias características da Federação- na hora de
contrastar essa realidade.
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