São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Oposições no governo

Vitória do PSDB em Minas e SP servirá de contrapeso, mas dificilmente será decisiva para contrastar concentração de poder na esfera federal

Com o quadro inalterado na disputa federal, e com as disputas na maioria dos Estados prosseguindo sem grandes surpresas, vem de Minas Gerais o resultado mais significativo da pesquisa Datafolha dos últimos dias 13 e 14.
O candidato Antonio Anastasia, do PSDB, superou pela primeira vez o peemedebista Hélio Costa, apoiado pelo governo Lula. Passou de 18% das preferências em julho (contra 44% de seu adversário) para 40% no último levantamento, três pontos percentuais acima do maior rival.
A confirmar-se essa tendência (ainda estão na margem de erro os dados coletados), assim como o favoritismo de Geraldo Alckmin na corrida para o Palácio dos Bandeirantes, os dois Estados mais populosos do país, São Paulo e Minas Gerais, continuarão sob administração do PSDB nos próximos quatro anos -enquanto no Paraná o quadro persiste indefinido entre o tucano Beto Richa (45%) e o pedetista Osmar Dias (40%).
O cenário firmaria, desse modo, algum tipo de contrapeso político ao que se delineia como predomínio maciço do PT e seus associados em todo o país, tanto na esfera executiva quanto na legislativa.
Descartada, por esse e por outros motivos, a hipótese extrema, levantada por alguns, da "mexicanização" da política brasileira, vários fatores contribuem para reduzir o dinamismo institucional que, de modo geral, a sobrevivência da oposição em alguns Estados poderá ainda atenuar.
É inegável que uma vitória peessedebista em São Paulo e Minas, ao mesmo tempo que tempera as arrogâncias do lulismo, não deixa de representar continuísmo no nível regional. Com variações positivas e negativas, é basicamente o mesmo bloco de poder que se firma na política paulista desde 1982. É a aliança tucano-peemedebista que, sem nenhuma oposição de peso na Assembleia Legislativa, colhe os dividendos da bonança econômica (o bom desempenho da economia favorece, em todos os níveis, o situacionismo) e os resultados de sua atuação no Estado.
Quanto a Minas Gerais, a popularidade do ex-governador Aécio Neves permite o lançamento de seu vice, Antonio Anastasia, no mesmo fenômeno que leva Dilma Rousseff ao favoritismo na sucessão de Lula, e permitiu que o demista Gilberto Kassab, ligado ao então governador José Serra, permanecesse como prefeito da cidade de São Paulo.
Com fraca fiscalização parlamentar -tanto devido à popularidade conjuntural dos governantes, quanto pelo fisiologismo e pela diminuição do próprio dever fiscalizador do Congresso e das Assembleias-, o jogo entre oposição e situação deverá pender ainda mais a favor do governismo.
No plano federal, a confirmar-se seu triunfo no primeiro turno e a perspectiva de uma posição majoritária de sua aliança nas duas casas do Congresso, Dilma Rousseff deverá concentrar inédito grau de poder na história da jovem democracia brasileira. O contrapeso estadual poderá ser sentido, mas dificilmente terá papel decisivo -dadas as próprias características da Federação- na hora de contrastar essa realidade.


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