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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Painel do Leitor
SÃO PAULO - Recebo de um jovem
estudante de ciências sociais da
USP, eleitor convicto de Dilma
Rousseff, e-mail intitulado "Vergonha". O texto que vem abaixo é curto: "O que vocês estão fazendo é
vergonhoso! Criminoso! Onde vocês querem chegar com isso?".
Talvez pudesse responder que a
mensagem teria melhor destino se
fosse encaminhada, desse mesmo
jeitinho, não a mim, mas a Israel
Guerra e à sua mãe, a ex-ministra
da Casa Civil Erenice Guerra. Seria,
de qualquer forma, ocioso: quem
quiser ver sabe muito bem aonde
eles queriam chegar com isso.
A máquina de corrupção do PT
não é invenção de jornalistas a serviço da direita. Com variações, esse
mesmo argumento escapista (e moralmente baixo) foi usado por petistas no mensalão, nos aloprados, na
violação do sigilo do caseiro...
Há agora um fato: o filho da ministra que cresceu à sombra de Dilma Rousseff fazia tráfico de influência e tinha cúmplices, entre
eles um sócio, dentro da Casa Civil.
Incapaz de negar objetivamente
o tráfico de influência, Erenice retomou a tese da conspiração na sua
"carta-testamento", onde acusava
a imprensa de atuar em favor de um
"candidato aético e já derrotado".
Isso certamente não é tudo. Na
outra ponta, duas cartas no "Painel
do Leitor" de ontem chamam a
atenção. Uma delas diz que "as
oposições têm a segunda chance de
punir o mensalão"; a outra sugere
que o PT "deveria ser o primeiro a
pedir o impeachment de Dilma".
Dilma ainda não foi eleita, mas
desta vez ela (ou Lula?) não escapa.
Ou seja: existem setores sociais tomados pelo sentimento de que Dilma não deveria chegar ao poder e
governar. São menos eleitores de
Serra do que antipetistas radicalizados, com tentações golpistas.
O ambiente político está muito
envenenado, é verdade. Coisas da
democracia. Para pensar, porém,
ninguém é obrigado a se render à
lógica eleitoral. Nem está condenado a optar entre o clepto-lulismo e o
tapetão tardo-udenista do PSDB.
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