São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Painel do Leitor

SÃO PAULO - Recebo de um jovem estudante de ciências sociais da USP, eleitor convicto de Dilma Rousseff, e-mail intitulado "Vergonha". O texto que vem abaixo é curto: "O que vocês estão fazendo é vergonhoso! Criminoso! Onde vocês querem chegar com isso?".
Talvez pudesse responder que a mensagem teria melhor destino se fosse encaminhada, desse mesmo jeitinho, não a mim, mas a Israel Guerra e à sua mãe, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Seria, de qualquer forma, ocioso: quem quiser ver sabe muito bem aonde eles queriam chegar com isso.
A máquina de corrupção do PT não é invenção de jornalistas a serviço da direita. Com variações, esse mesmo argumento escapista (e moralmente baixo) foi usado por petistas no mensalão, nos aloprados, na violação do sigilo do caseiro...
Há agora um fato: o filho da ministra que cresceu à sombra de Dilma Rousseff fazia tráfico de influência e tinha cúmplices, entre eles um sócio, dentro da Casa Civil.
Incapaz de negar objetivamente o tráfico de influência, Erenice retomou a tese da conspiração na sua "carta-testamento", onde acusava a imprensa de atuar em favor de um "candidato aético e já derrotado".
Isso certamente não é tudo. Na outra ponta, duas cartas no "Painel do Leitor" de ontem chamam a atenção. Uma delas diz que "as oposições têm a segunda chance de punir o mensalão"; a outra sugere que o PT "deveria ser o primeiro a pedir o impeachment de Dilma".
Dilma ainda não foi eleita, mas desta vez ela (ou Lula?) não escapa. Ou seja: existem setores sociais tomados pelo sentimento de que Dilma não deveria chegar ao poder e governar. São menos eleitores de Serra do que antipetistas radicalizados, com tentações golpistas.
O ambiente político está muito envenenado, é verdade. Coisas da democracia. Para pensar, porém, ninguém é obrigado a se render à lógica eleitoral. Nem está condenado a optar entre o clepto-lulismo e o tapetão tardo-udenista do PSDB.


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