São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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RUY CASTRO

Babando em 1961

RIO DE JANEIRO - Em coluna recente ("O cinema naquele ano", 21/8), sobre os 50 anos de "Psicose", de Hitchcock, lembrei outros grandes filmes de 1960 e insinuei que bom mesmo foi 1961. Desde então, tenho sido cobrado por cinéfilos cascudos -o que eu queria dizer com aquilo?
Bem, nos EUA, 1961 foi o ano de "Amor, Sublime Amor" ("West Side Story"), de Robert Wise e Jerome Robbins; "Clamor do Sexo", de Elia Kazan; "Bonequinha de Luxo", de Blake Edwards; "Desafio à Corrupção", de Robert Rossen; "Cupido Não Tem Bandeira", de Billy Wilder; "O Terror das Mulheres", de Jerry Lewis; "Julgamento em Nuremberg", de Stanley Kramer; e, discutíveis ou não, "A Face Oculta", de Marlon Brando, e "Os Desajustados", de John Huston.
Da Inglaterra vieram "Os Inocentes", de Jack Clayton; "Lolita", de Stanley Kubrick; e "Meu Passado Me Condena", de Basil Dearden, primeiro filme sério sobre homossexualismo. Da Itália, "A Noite", de Antonioni; "Divórcio à Italiana", de Pietro Germi; e "Uma Vida Difícil", de Dino Risi. Do Japão, "Yojimbo", de Kurosawa. Da Suécia, "Através do Espelho", de Bergman. Da Polônia, "Madre Joana dos Anjos", de Jerzy Kawalerowicz. Da Espanha, "Viridiana", de Buñuel. E, do Brasil, "Barravento", de Glauber Rocha; "A Grande Feira", de Roberto Pires; e o esquecido "Mulheres e Milhões", de Jorge Ileli.
Mas a revolução vinha da França, com "Uma Mulher para Dois" ("Jules et Jim"), de Truffaut; "O Ano Passado em Marienbad", de Resnais; "Uma Mulher é uma Mulher", de Godard; "Cléo de 5 às 7", de Agnès Varda; "A Garota dos Olhos de Ouro", de Jean-Gabriel Albicocco; etc. Nada dividia tanto as opiniões quanto a Nouvelle Vague. Os críticos viviam se indo às carótidas.
Os filmes chegavam aqui com atraso de pelo menos um ano. Sabíamos que eles existiam, mas só nos restava esperar -e babar.


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