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RUY CASTRO
Babando em 1961
RIO DE JANEIRO - Em coluna recente ("O cinema naquele ano",
21/8), sobre os 50 anos de "Psicose", de Hitchcock, lembrei outros
grandes filmes de 1960 e insinuei
que bom mesmo foi 1961. Desde então, tenho sido cobrado por cinéfilos cascudos -o que eu queria dizer
com aquilo?
Bem, nos EUA, 1961 foi o ano de
"Amor, Sublime Amor" ("West Side
Story"), de Robert Wise e Jerome
Robbins; "Clamor do Sexo", de Elia
Kazan; "Bonequinha de Luxo", de
Blake Edwards; "Desafio à Corrupção", de Robert Rossen; "Cupido
Não Tem Bandeira", de Billy Wilder; "O Terror das Mulheres", de
Jerry Lewis; "Julgamento em Nuremberg", de Stanley Kramer; e,
discutíveis ou não, "A Face Oculta", de Marlon Brando, e "Os Desajustados", de John Huston.
Da Inglaterra vieram "Os Inocentes", de Jack Clayton; "Lolita", de
Stanley Kubrick; e "Meu Passado
Me Condena", de Basil Dearden,
primeiro filme sério sobre homossexualismo. Da Itália, "A Noite", de
Antonioni; "Divórcio à Italiana", de
Pietro Germi; e "Uma Vida Difícil",
de Dino Risi. Do Japão, "Yojimbo",
de Kurosawa. Da Suécia, "Através
do Espelho", de Bergman. Da Polônia, "Madre Joana dos Anjos", de
Jerzy Kawalerowicz. Da Espanha,
"Viridiana", de Buñuel. E, do Brasil, "Barravento", de Glauber Rocha; "A Grande Feira", de Roberto
Pires; e o esquecido "Mulheres e
Milhões", de Jorge Ileli.
Mas a revolução vinha da França, com "Uma Mulher para Dois"
("Jules et Jim"), de Truffaut; "O Ano
Passado em Marienbad", de Resnais; "Uma Mulher é uma Mulher",
de Godard; "Cléo de 5 às 7", de Agnès Varda; "A Garota dos Olhos de
Ouro", de Jean-Gabriel Albicocco;
etc. Nada dividia tanto as opiniões
quanto a Nouvelle Vague. Os críticos viviam se indo às carótidas.
Os filmes chegavam aqui com
atraso de pelo menos um ano. Sabíamos que eles existiam, mas só
nos restava esperar -e babar.
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