São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

O "sindicato" está de volta

BRASÍLIA - PTB e PL são provas vivas da pré-história da democracia brasileira. Rejeitados nas urnas, esses partidos vão mandar como nunca no ano que vem. Para desgraça das instituições, tudo será maquinado dentro da lei.
O PTB saiu na frente. Incorporou o PAN, cuja votação para deputado federal foi de 264.682 votos em todo o país (0,3% do total).
Com essa insignificância de votos a mais, o PTB pulou de meros dois minutos semestrais na TV e dois minutos no rádio para expressivos 3.360 minutos (56 horas!). Roberto Jefferson dará a palavra final sobre o conteúdo dessa minutagem, certamente superior à de marcas famosas de sabão em pó.
Jefferson foi cassado. Admitiu ter manipulado ilegalmente milhões de reais. Agora, preside o PTB novamente. A lei permite. Não pode se eleger vereador, mas comandará 23 deputados federais, o tempo de TV da sigla e o dinheiro público que sua agremiação receberá do fundo partidário -mais de R$ 10 milhões.
Caso ainda mais esdrúxulo é o de Valdemar Costa Neto, do PL. Admitiu ter recebido dinheiro sujo. Renunciou para não ser cassado. Foi eleito novamente deputado federal e manda na sua sigla.
O PL, como o PTB, também foi rejeitado nas urnas. Tem direito a dois minutos por semestre, em rádio e em TV. Pretende pular para a categoria dos grandes depois de incorporar nanicos como PSC, PTC, PT do B e Prona. Tudo legal.
A não ser que a lei seja alterada, nada impedirá traficâncias de anomalias da democracia como PL e PTB. Até porque o PT, partido-mãe do sindicato do mensalão, usufrui dos mesmos direitos.
E, quando Lula fala de reforma política, só menciona inutilidades, como o fim da reeleição e o aumento do mandato para cinco anos. Prejudicar os amistosos PL e PTB, nem pensar.


frodriguesbsb@uol.com.br

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