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FERNANDO RODRIGUES
Operação de risco
BRASÍLIA - É de alto risco a operação política conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
montar o ministério de seu segundo mandato. Há indicações de que o
Planalto pretende combinar -ou
no mínimo tornar quase concomitantes- algumas das nomeações
com as eleições dos presidentes da
Câmara e do Senado.
Nesse cenário, um naco do ministério de Lula será anunciado só no
ano que vem. Haverá uma posse no
dia 1º de janeiro apenas para formalizar o início do segundo mandato.
O time definitivo entraria em campo em algum momento até o mês de
fevereiro.
Lula está sem muitas opções. Há
34 cadeiras de ministros, mas menos da metade oferece atrativo$
reai$ aos aliados de nove partidos
convidados para a tal coalizão: PT,
PMDB, PSB, PC do B, PRB, PR (ex-PL), PP, PTB e PV.
Para efeito externo, Lula e seus
assessores diretos dirão apenas que
o presidente tenta mudar a concepção da aliança. "Antes, eram sempre composições com fragmentos
dos partidos. Agora, será com as
instituições partidárias", diz Tarso
Genro, articulador político do Palácio do Planalto.
O discurso é bonito, mas contém
uma imprecisão. Pressupõe que as
coalizões capengas de governos
passados tenham sido construídas
propositadamente assim. Não é fato. As alianças partidárias no Brasil
não se dão de forma institucional,
porque as agremiações políticas
não se organizam para tal.
Megalomania à parte, é louvável
Lula tentar ajudar a consertar essa
deformidade do mundo político. Se
tiver sucesso, valeu o ingresso, como se dizia antigamente. Se der tudo errado, pagará pelo risco assumido: terá os mesmos fragmentos
partidários de sempre e um segundo mandato em curso sem preencher parte de seus ministérios.
frodriguesbsb@uol.com.br
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